Governo Trump inicia demissões em massa em meio a 'shutdown'

13/10/2025

Fonte: Por g1 Por Valor, com Reuters — São Paulo

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Medida visa pressionar os parlamentares democratas para chegarem a um consenso quanto ao Orçamento do governo e por fim à paralisação (‘shutdown’) da máquina pública americana

O Escritório de Orçamento da Casa Branca (OMB, na sigla em inglês) disse hoje que o governo Trump começou as demissões em massa de funcionários federais para pressionar os democratas a chegarem a um consenso quanto à paralisação (‘shutdown’) do governo.

“Os RIFs (sigla em inglês para ‘redução de pessoal) começaram”, afirmou o diretor do Escritório de Administração e Orçamento, Russ Vought, em publicação no X nesta sexta-feira (10).

Segundo porta-vozes, os cortes atingem os Departamentos do Tesouro, Saúde, Educação, Comércio e na divisão de cibersegurança do Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês).

A estimativa é que cerca de 300 mil funcionários civis federais deixem seus cargos neste ano, em decorrência da campanha de enxugamento iniciada por Trump no começo do ano.

Anteriormente, o governo Trump sinalizou que iniciaria demissões em massa durante o impasse orçamentário, que nesta sexta-feira chegou ao 10º dia. O republicano afirmou que pretende concentrar as demissões em “agências democratas”.  

Além disso, houve o congelamento de cerca de US$ 28 bilhões em fundos de infraestrutura destinados a Nova York, Califórnia e Illinois — Estados com grande número de eleitores democratas e críticos de seu governo.

“Será voltado para os democratas”, disse Trump mais tarde a repórteres no Salão Oval ao ser questionado sobre as demissões. “Será bastante gente.”

Embora os republicanos controlem as duas casas do Congresso, eles precisam de ao menos sete votos democratas para aprovar um projeto de financiamento no Senado. Os democratas exigem a manutenção dos subsídios de seguro-saúde.

“Até que os republicanos se comprometam seriamente, isso é responsabilidade deles. Cada emprego perdido, cada família afetada e cada serviço interrompido é consequência de suas decisões”, disse o líder democrata no Senado, Chuck Schumer.

Os sindicatos de servidores públicos entraram com ações judiciais para suspender as demissões, alegando que elas seriam ilegais durante a paralisação. 

Um juiz federal deve analisar o caso em 16 de outubro. Pela lei, o governo é obrigado a notificar os funcionários com 60 dias de antecedência sobre demissões, embora o prazo possa ser reduzido para 30 dias.

As demissões são algo pouco usual durante uma paralisação. Normalmente, nessas circunstâncias, os funcionários federais são colocados em licença temporária e reintegrados após o fim do shutdown. 

Depois desse período, eles também recebem o pagamento retroativo dos salários congelados durante o shutdown.

Desta vez, porém, o governo Trump alertou que não existem garantias de que esse pagamento ocorrerá.

Departamentos afetados

No Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS, na sigla em inglês), funcionários de várias divisões já receberam notificações de demissão, segundo o diretor de comunicação Andrew Nixon. A Pasta, com 78 mil servidores, é responsável por programas de seguro de saúde, controle de surtos de doenças e financiamento de pesquisas médicas.

Cerca de 41% dos funcionários foram instruídos a não comparecer ao trabalho durante a paralisação, enquanto outros continuam trabalhando sem salário. Nixon afirmou que as demissões atingem principalmente os servidores que estavam afastados.

Demissões também começaram no Departamento do Tesouro, de acordo com um porta-voz que pediu anonimato. O sindicalista Thomas Huddleston, da Federação Americana de Empregados Governamentais, afirmou, em uma ação judicial, que o Tesouro está preparando 1.300 

notificações de demissão, que podem afetar o Serviço de Receita Federal (IRS, na sigla em inglês). A área já havia sofrido cortes neste ano. Cerca de 46% dos 78 mil funcionários foram dispensados temporariamente na quarta-feira (8).

Também foram registradas demissões nos Departamentos de Educação e Comércio — este último responsável por previsões meteorológicas e relatórios econômicos —, na Agência de Proteção Ambiental (EPA) e nos Departamentos de Energia, Interior e Habitação e Desenvolvimento Urbano.

O Departamento de Segurança Interna confirmou cortes na Agência de Cibersegurança e Segurança de Infraestrutura (CISA), que entrou em conflito com Trump após as eleições de 2020, quando seu diretor afirmou que não havia evidências de fraude nos sistemas de votação.

O Departamento de Transportes e a Administração Federal de Aviação (FAA) não serão afetados, segundo uma fonte ouvida pela Reuters.