Lives de Lula têm futuro incerto após semestre de audiências tímidas

29/01/2024

Interrompidas há mais de um mês, as lives semanais de Lula (batizadas de “Conversa com o presidente”) têm futuro incerto em meio às estratégias de comunicação da Secom.

Adotado em junho, o modelo reproduzia aquele em que Jair Bolsonaro endereçava mensagens ao país semanalmente. Na versão de Lula, teve audiências menores que as do antecessor. Na última exibição, em 19 de dezembro, foram apenas 46 mil visualizações no canal de Lula no YouTube.

Para a Secom, a métrica não traduz a verdadeira audiência, uma vez que há diversos canais exibindo o conteúdo de maneira pulverizada pela internet, inclusive em plataformas do próprio presidente. Passado o recesso de fim de ano, a Secom ainda não confirma o que será feito com as lives.

Na EBC, que atua na produção e na exibição dos conteúdos, o tema está permeado por incerteza. Marcos Uchôa, que conduzia as conversas com Lula diante das câmeras, expressou essa percepção há duas semanas numa entrevista ao “Flow Podcast”:

— Pra esse ano, eu não sei qual é a ideia.

Uchôa defendeu que, apesar da audiência, as lives cumpriram o papel de ajudar Lula a pautar o noticiário. E sugeriu que o presidente deveria interagir com representantes da sociedade civil, além de nomes do próprio governo. Ele também contou como a criação do projeto foi feita de improviso:

— Não houve planejamento. Não houve reunião. Não teve nada assim... (...). Numa segunda-feira à noite lá, falaram: “Não, amanhã vamos fazer o programa”. Foi assim. Não tinha pauta, não tinha nada. A ideia de ser de manhã foi do Lula. Ele gosta de acordar, fazer e acabou. Ele não quer fazer no final do dia, com a cabeça cheia (...).