A estratégia do governo Lula para lidar com a dobradinha de Milei e Bolsonaro

22/11/2023

A estratégia inicial para lidar com o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, sobre sua relação de proximidade com o clã Bolsonaro, já foi definida pelo governo Lula. A linha é não embarcar em provocações em redes sociais e minimizar os contatos entre ambos, como o telefonema que ocorreu entre Milei e o ex-presidente brasileiro nesta segunda-feira.

Há, no entanto, uma linha que o governo Lula responderá, caso  o líder de ultradireita ultrapasse: esse limite seria uma tentativa de Milei em interferir em assuntos internos do Brasil.

O assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim, disse à coluna que a proximidade de Milei com o clã Bolsonaro não terá reflexos na relação entre Brasil e Argentina. Ponderou, porém, que essa ligação pode atrapalhar a relação  entre os dois países, se a ideologia de Milei “vier acompanhada de tentativas de interferências na política interna do Brasil”.

O limite traçado pelo Itamaraty é o mesmo. Haverá resposta em caso de ataques a Lula e se o novo presidente argentino buscar se envolver em assuntos da política brasileira. O Ministério das Relações Exteriores avalia, entretanto, que não há, no curto prazo, temas nacionais que devam despertar o engajamento de Milei. A leitura é que essa postura pode ser adotada próxima à eleição de 2026, inclusive com ataques ao sistema eleitoral. 

O plano é não entrar no jogo de polêmicas do líder de ultradireita, que segue a cartilha de Jair Bolsonaro e Donald Trump. 

Integrantes do governo Lula ainda têm dúvidas se a proximidade de Milei com a família Bolsonaro seguirá sólida quando o argentino enfrentar desgastes para implementar suas promessas e projetos controversos.