BC dá recado ao governo Lula sobre meta fiscal: veja os 5 principais pontos do comunicado que baixou juros

21/09/2023

Fonte: Por Renan Monteiro

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Diretores do Copom enfatizaram que é preciso "firme persecução" do equilíbrio das contas públicas, que têm impacto na inflação

Banco Central do Brasil reduziu a taxa básica de juros hoje em meio ponto, para 12,75% ao ano, conforme esperado pelo mercado, e deu vários recados no texto que acompanhou a decisão. Um deles é o de que os juros vão continuar caindo em meio ponto nas próximas reuniões, e isso praticamente tira de cena a chance de aceleração da queda para 0,75 ponto, como gostaria o governo. Além disso, houve alerta à gestão do presidente Lula de que é preciso cumprir as metas fiscais.

Veja abaixo os cinco principais recados dados pelos diretores do Banco Central.

1- Foco no compromisso fiscal

 

O Copom mandou recado ao governo Lula, dizendo que é preciso ser firme no cumprimento das metas para o equilíbrio das contas públicas, que têm influência na inflação. Para o ano que vem, a Fazenda prometeu zerar o déficit fiscal, mas no mercado e no próprio governo há muita desconfiança sobre a capacidade de se entregar esse resultado:

"Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas", diz trecho do comunicado.

2- Cortes continuam em meio ponto

 

O BC praticamente tirou do cenário a chance de uma aceleração nos cortes de juros para 0,75 ponto na última reunião do ano, em dezembro, como apostavam alguns economistas -- e deseja o governo. Isso foi dito de forma explícita no trecho abaixo:

"Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", pontua.

 

3- 'Serenidade e moderação'

 

O Banco Central também disse, mais uma vez, que é preciso "serenidade e moderação" para levar a inflação para a meta. Essa é uma forma de a instituição tentar se blindar das pressões para cortar os juros mais rapidamente:

"A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas", declara.

 

4- Cenário externo 'incerto'

 

Com vários bancos centrais pelo mundo subindo ou ameaçando subir as taxas de juros - o que diminui o diferencial de juros em relação ao Brasil (e portanto a atratividade do país perante investidores) -- o BC abriu o comunicado chamando o cenário externo de "incerto".

"O ambiente externo mostra-se mais incerto, com a continuidade do processo de desinflação, a despeito de núcleos de inflação ainda elevados e resiliência nos mercados de trabalho de diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas. O Comitê notou a elevação das taxas de juros de longo prazo dos Estados Unidos e a perspectiva de menor crescimento na China, ambos exigindo maior atenção por parte de países emergentes", diz.

 

5- Inflação de serviços

 

Outro ponto destacado pelo Banco Central é a resiliência da inflação de serviços, que acompanha a queda da taxa de desemprego e crescimento da economia acima do esperado. Ainda assim, o BC estima que haverá perda de fôlego no nível de atividade nos próximos trimestres.

"Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se: uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado", declara.