Por que gostamos de objetos antigos, mas não de pessoas velhas?

15/11/2024

Fonte: g1 Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro

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Campanha lançada no Reino Unido tenta combater o preconceito contra os idosos.

“Por que valorizamos objetos antigos, mas não as pessoas mais velhas? Admiramos um quadro que retrata um idoso, mas ignoramos o idoso que mora no apartamento ao lado. Mas preste atenção: um dia, você também vai ser velho. A menos que mudemos a forma como enxergamos a velhice, será visto como algo inútil.” O ator britânico Richard Durden protagoniza o filme da campanha “Let´s change how we age” (“Vamos mudar a forma como envelhecemos”), lançada recentemente no Reino Unido, e me leva a concluir que uma versão brasileira seria muito bem-vinda.

Além do filme para TV, cinema e mídia digital, que pode ser conferido nesse link, foram produzidos outdoors que mostram adultos jovens apreciando obras de arte retratando velhos. No Reino Unido, a expectativa é de que os atuais 12,7 milhões de idosos cheguem a 18 milhões em 2050, sendo que o segmento acima dos 85 anos é o que mais cresce.

Cerca de 1,9 milhão vivem na pobreza. No site da Age UK, organização responsável pela campanha, há depoimentos como o de Sheila, de 79 anos, que diz temer a chegada do inverno: “Tento economizar no verão para pagar o aquecimento durante os meses de frio, mas não consigo. Vou fazer o que tenho feito nos últimos anos: à noite, apago as luzes, desligo o aquecimento e vou para a cama às sete”.

Os números relativos à solidão também são preocupantes: mais de 50% dos que vivem sozinhos são idosos. Quase dois terços são mulheres, mas o número de homens nessa situação cresceu 66% nos últimos 20 anos. Milhares passam dias sem falar com outro ser humano. A Age UK criou um serviço chamado “Telephone friendship” (“Amizade pelo telefone”) no qual voluntários conversam com pessoas que se queixam do isolamento.

Um terço dos que têm mais de 65 anos e quase um quarto dos que estão na faixa entre 50 e 64 afirmam que foram vítimas de preconceito por causa da idade – o equivalente a 6 milhões de britânicos. No segundo grupo, 29% estão sem emprego e sem direito a pensão. A perspectiva para as próximas gerações de velhos não é nada boa, inclusive porque o acesso à moradia própria vem se tornando cada vez mais difícil.