CHAME alerta para riscos de relacionamentos abusivos na quarentena

24/05/2020

Devido ao envolvimento emocional, muitas mulheres não conseguem identificar a violência que estão sofrendo; amigos e familiares podem e devem ajudar

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O assassinato da estudante Kimberly Mota, de 22 anos, no Amazonas, e da operadora de caixa Silvana Magalhães de Souza, de 35 anos, nos quais a principal suspeita é de feminicídio, levantam o debate sobre os riscos de um relacionamento abusivo, principalmente neste período de isolamento social. Segundo o CHAME (Centro Humanitário de Apoio à Mulher), instituição ligada à Assembleia Legislativa de Roraima, é importante que as mulheres fiquem atentas aos primeiros sinais, para conseguirem sair do ciclo de violência o mais rápido possível.

Segundo a coordenadora do CHAME, Elizabete Brito, durante o isolamento social, a família ou casal passa mais tempo convivendo, e podem surgir conflitos nos lares, até a prática de algum tipo de violência. Neste contexto, ela encoraja as mulheres a pedirem ajuda. “Se você estiver vivenciando algum tipo de violência seja psicológica, física ou queira apenas esclarecer alguma dúvida, envie uma mensagem para o Zap Chame. A equipe está pronta para atendê-la”. O Zap Chame atende pelo número (95) 98402-0502.

Mas como identificar uma situação de risco? Diferente do que se imagina, não é preciso agressão física para estar em uma relação violenta. Alguns sinais podem ajudar a definir o perfil de um relacionamento abusivo: geralmente, quem tem atitude abusiva dentro de um relacionamento sente ciúmes em excesso e se torna possessivo.

Além disso, é comum este tipo de companheiro não gostar que a parceira faça novas amizades e constantemente obrigar a “amada” a fazer coisas contra a própria vontade. O parceiro pode não praticar a agressão física, mas desconta a raiva destruindo objetos que estão em torno da mulher e a monitora excessivamente, inclusive pelo celular.

De acordo com a advogada Aline Monteiro, que presta atendimento no CHAME, quando se tem envolvimento emocional, muitas mulheres não identificam a violência que estão sofrendo. Na maioria dos casos, esta agressão é negligenciada por estar mascarada pelo ciúmes, controle, humilhações, ironias e ofensas.

“O parceiro apresenta o ciúme de uma forma carinhosa. ‘Fulana esse short tá muito curto, esse outro fica melhor’. Ele passa a levantar suspeitas sobre as amizades: ‘será que aquela pessoa é sua amiga mesmo?’ ou até mesmo diz para a parceira que não precisa trabalhar, que ele vai sustentá-la”. Essas atitudes servem de alerta, completou a advogada.

De modo geral, os relacionamentos abusivos são compostos por muito controle e dependência. Se esse ciclo não for quebrado, a violência psicológica pode evoluir para a física. Como uma forma de manter a dependência, a violência geralmente é seguida da fase conhecida como “lua de mel’. “Ele bate na companheira, dá empurrões, ameaça de morte e depois se mostra arrependido, dizendo que nunca mais fará aquilo. Isso faz com que a vítima aceite uma reconciliação, mas depois retornam as agressões”, explicou Aline.

Para ajudar essas mulheres vítimas de violência, o CHAME disponibiliza uma equipe multidisciplinar que conta com advogada, assistência social e psicóloga. A equipe faz uma escuta humanizada com a vítima, ajudando-a a compreender se ela passa por um relacionamento abusivo e como sair dessa situação.

Devido ao período de isolamento social, durante a pandemia do covid-19, o CHAME continua com os atendimentos por meio do Zap Chame, pelo número (95) 98402-0502. O serviço de mensagem funciona 24 horas por dia por meio do Whats App e qualquer pessoa pode entrar em contato para pedir ajuda ou fazer denúncias. O atendimento é sigiloso e funciona inclusive nos finais de semana e feriados.

Texto: Sueda Marinho

Foto: Arquivo

SupCom ALE-RR