Primeiro-ministro da China diz que país está preparado para combater os aumentos de tarifas de Trump

09/04/2025

Fonte: O globo Por Bloomberg

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Li Qiang, em conversa pelo telefone com a presidente da Comissão Europeia, Pequim está bastante confiante em manter o crescimento econômico saudável e sustentável do país

O premiê chinês, Li Qiang, afirmou que seu país possui diversas ferramentas políticas para "compensar totalmente" qualquer choque externo negativo e reiterou seu otimismo quanto ao crescimento da segunda maior economia do mundo em 2025, apesar da mais recente ameaça de tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Durante uma ligação com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, nesta terça-feira, Li disse que as políticas macroeconômicas da China neste ano levaram em conta plenamente diversas incertezas, de acordo com um comunicado oficial.

Pequim está bastante confiante em manter o crescimento econômico saudável e sustentável do país, acrescentou Li — o número dois da China, depois do presidente Xi Jinping.

A ligação China-União Europeia ocorreu horas antes de ambas as economias serem atingidas pelas chamadas tarifas recíprocas de Trump. Enquanto a Europa enfrenta uma taxa adicional de 20%, a China está sujeita a um imposto adicional maciço totalizando 104%, que entrará em vigor à 00h01 do dia 9 de abril.

Um oficial dos Estados Unidos disse à Bloomberg nesta terça-feira que a administração está, de fato, avançando com esse plano de mais que dobrar as tarifas.

Li criticou a ação punitiva sobre todos os parceiros comerciais americanos como um exemplo típico de unilateralismo, protecionismo e coerção econômica. Ele acrescentou que a resposta firme da China não é apenas para salvaguardar seus próprios interesses, mas também para defender as regras do comércio internacional.

 

 

“O protecionismo não leva a lugar nenhum — abertura e cooperação são o caminho certo para todos”, disse Li a Von der Leyen.

 

Proibição de Hollywood?

 

O premiê chinês também pediu à União Europeia que fortaleça a comunicação com Pequim e expanda a abertura mútua, acrescentando que ambos os lados devem impulsionar uma nova rodada de diálogo de alto nível sobre cooperação estratégica e comércio, bem como sobre desenvolvimentos verdes e digitais o mais rápido possível.

O governo de Xi prometeu retaliar contra as tarifas "recíprocas" de Washington. Como exemplo da resposta potencial, dois influentes blogueiros chineses publicaram na terça-feira um conjunto idêntico de medidas que as autoridades estão considerando para retaliar os EUA, incluindo tarifas sobre produtos agrícolas americanos e uma proibição de filmes de Hollywood.

Em Washington, Trump afirmou que “a China também quer fazer um acordo, com urgência”, e disse que está esperando a ligação de Pequim. Mais tarde, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse em uma coletiva que o presidente "será cordial" caso a liderança da China entre em contato.

O impacto dos aumentos de tarifas dos EUA diminui a cada escalonamento, de acordo com uma análise dos economistas do Goldman Sachs. Enquanto um imposto inicial de 50% reduz o PIB da China em 1,5 ponto percentual, um aumento adicional de 50% reduz em apenas 0,9 ponto percentual, escreveram os economistas do banco, incluindo Andrew Tilton e Hui Shan, em uma nota.