Por que, numa guerra moderna, com mísseis e drones, a Rússia ainda usa código Morse?

23/05/2024

Fonte: Por g1 BBC

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Guerras modernas dispõem, atualmente, de diversas opções de equipamentos com tecnologia de ponta, de IA a drones e mísseis hipersônicos. Mas o código Morse, com mais de um século de história, segue provando seu valor. Mensagens de código Morse estão sendo enviadas por equipes de bombardeio russas diretamente para seus centros de controle, ou de navios da Frota do Báltico para a base em solo firme.

Guerras modernas dispõem, atualmente, de diversas opções de equipamentos com tecnologia de ponta, de IA a drones e mísseis hipersônicos. Mas o código Morse, com mais de um século de história, segue provando seu valor.

Os fluxos de toques que seriam instantaneamente reconhecíveis para um ferroviário há mais de 150 anos estão sendo usados pelos militares russos na guerra da Ucrânia.

Ainda hoje, muitas pessoas seriam capazes de identificar o som característico do código Morse, em particular, o padrão amplamente conhecido de três curtos, três longos, três curtos (... - - - ...), que forma o alerta de emergência SOS.

E mensagens de código Morse estão sendo enviadas por equipes de bombardeio russas diretamente para seus centros de controle, ou de navios da Frota do Báltico para a base em solo firme.

 

As bandas de ondas curtas usadas pelos entusiastas de rádio amador são igualmente preenchidas com os bipes conhecidos pelos entusiastas como “dits” (.) e “dahs” (-), ou como pontos e traços pelo público em geral. Até mesmo os espiões ainda sintonizam as bandas de ondas curtas para ouvir estações clandestinas que transmitem em código morse.

 

Inventado nos anos 1800

 

Mas por que uma tecnologia criada na primeira metade do século 19 ainda segue em uso?

Primeiro, o código Morse foi imaginado não por um engenheiro ou mágico tecnológico, mas por um homem que vivia de pintar retratos.

Samuel Morse foi quem projetou o que hoje chamamos de uma teleimpressora, ou um dispositivo que recebe e imprime texto em papel.

Morse contou com a ajuda de Alfred Vail, um maquinista, com mais conhecimento mecânico que ele, para cuidar dos detalhes. E foi Vail quem criou os pontos e traços para representar o código e apresentou a ideia de usar som para transmitir informação.

Inicialmente, a ideia era de que o som servisse apenas para testar uma conexão. Mas rapidamente Morse e Vail perceberam que o conceito de impressão era impraticável. Adicionando som, no entanto, eles estavam diante de um conceito mais brilhante e útil do que podiam imaginar.

Uma característica marcante do código Morse é que, na forma sonora, ele compõe um ritmo. E, assim, divide um terreno comum com a música. Na verdade, observou-se que pessoas com talento musical são capazes de aprender o código Morse mais rapidamente.

Ao estimular o sentido inato de ritmo humano, o código Morse também ativa nosso senso de reconhecimento de padrões. Essa é uma habilidade existente em nossos cérebros, e que tem grande potencial para decifrar mensagens, mesmo as incompletas.