Por que militares em Israel se opõem a reforma proposta por governo Netanyahu
28/03/2023

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Ex-oficiais e reservistas manifestaram temor de que mudanças impactem capacidade do país de manter sua segurança. Entenda
Diante da proposta de reforma judicial apresentada pelo governo de Benjamin Netanyahu, protestos se instauraram em Israel - e manifestações populares e greves paralisaram o principal aeroporto israelense.
O movimento alcançou também as Forças Armadas e, em particular, reservistas de unidades de elite israelenses.
Nas últimas semanas, centenas deles ameaçaram parar seus serviços caso o plano siga em frente e publicaram cartas abertas para expressar descontentamento. Ex-chefes do Exército e das agências de inteligência também criticaram publicamente a medida.
Alguns membros da Força Aérea ouvidos pela imprensa israelense disseram ainda que não estavam "preparados para servir a um regime ditatorial".
Neste domingo (26), o ministro da Defesa foi demitido do cargo após se posicionar contra a reforma. Yoav Gallant descreveu as mudanças como um "perigo imediato e tangível" para a segurança do Estado.
Em um breve pronunciamento no dia anterior, o agora ex-ministro também afirmou que membros das Forças de Defesa de Israel estavam irritados e desapontados com a questão, em uma intensidade que ele nunca tinha visto antes.
Mas afinal, por que muitos militares em Israel estão contra o pacote de reformas?
Muitos dos integrantes das forças e reservistas que se pronunciaram publicamente alegam que as mudanças podem enfraquecer o Estado e, portanto, representar uma ameaça à segurança de Israel.
Esse se torna um problema ainda maior diante da situação de instabilidade do Oriente Médio e das tensões constantes entre Israel, palestinos e grupos extremistas da região.
Alguns militares ainda acreditam que o país precisa de uma democracia sólida e um Judiciário independente para defender suas ações e condutas nesse ambiente perante a comunidade internacional. E, segundo eles, o projeto apresentado por Netanyahu vai contra os valores democráticos.
No início de março, pilotos de um esquadrão de elite da Força Aérea de Israel decidiram não participar de um treinamento programado em protesto contra as reformas judiciais, mas foram convencidos por seus comandantes a continuar.
Ao mesmo tempo, ex-comandantes da Força Aérea publicaram uma carta aberta na qual pediam que o primeiro-ministro tomasse medidas para resolver a crise.
"Temos medo das consequências desses processos e do perigo sério e tangível que representa para a segurança nacional do Estado de Israel", dizia o texto, assinado por mais de uma centena de reservistas.
Cerca de 650 outros oficiais das forças especiais e unidades cibernéticas da reserva afirmaram em uma carta separada que “não serviremos a uma ditadura. O contrato foi quebrado. Estamos prontos para dar nossa vida e alma e o governo deve dar responsabilidade e sanidade”.
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