Manifestante palestino é detido pela imigração dos EUA apesar de visto de residência: ‘Primeiro de muitos’, diz Trump

12/03/2025

Mahmoud Khalil foi levado sob custódia em meio ao que parece ser o início da prometida ofensiva do governo Trump contra ativistas que participaram de atos anti-Israel e contra a guerra em Gaza

Um estudante sírio-palestino que liderou manifestações contra a guerra na Faixa de Gaza e anti-Israel na Universidade Columbia, em Nova York, uma das mais prestigiadas dos EUA — durante a onda de protestos que eclodiram em campi do país no ano passado — foi detido no sábado por funcionários da Agência de Imigração e Fiscalização Aduaneira (ICE, na sigla em inglês). Embora tivesse visto de residência permanente no país, o "green card", Mahmoud Khalil foi informado que teve esse direito cassado, no que parece ser o começo da prometida ofensiva do governo de Donald Trump contra o movimento, acusado de ter viés antissemita. Nesta segunda-feira, Trump disse que a prisão do ativista é “a primeira de muitas que virão”. Centenas de manifestantes foram às ruas contra a detenção de Khalil, cuja deportação foi bloqueada por um juiz federal enquanto o caso é analisado.

“Sabemos que há mais estudantes em Columbia e em outras universidades do país envolvidos em atividades pró-terroristas, antissemitas e antiamericanas, e o governo Trump não tolerará isso”, escreveu o republicano. “Nós iremos localizar, prender e deportar esses simpatizantes de terroristas do nosso país, e eles nunca mais retornarão. Se você apoia o terrorismo, incluindo o massacre de homens, mulheres e crianças inocentes, sua presença é contrária aos interesses da nossa política nacional e externa, e você não é bem-vindo aqui”.

Khalil foi detido por funcionários da agência de controle de imigração por volta das 20h30 de sábado (21h30 em Brasília), no quarto onde morava, em um prédio da universidade em Manhattan. De acordo com a advogada do estudante, Amy Greer, os funcionários tinham ordens para revogar o visto do estudante e o levaram sob custódia para local indeterminado — a esposa de Khalil, uma cidadã americana grávida de oito meses, tentou visitá-lo em um centro de detenção em Nova Jersey, mas foi informada de que ele não estava detido lá.

Uma porta-voz do Departamento de Segurança Interna, Tricia McLaughlin, disse em declaração na noite de domingo que Khalil, que finalizou um mestrado em Relações Internacionais em Columbia, havia sido preso "em apoio aos decretos do presidente Trump proibindo o antissemitismo".

— Khalil liderou atividades alinhadas ao Hamas, uma organização designada como terrorista — disse McLaughlin. — O ICE e o Departamento de Estado estão comprometidos em fazer cumprir os decretos do presidente Trump e proteger a segurança nacional dos EUA.

No domingo, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, compartilhou um link em seu perfil pessoal na rede social X para uma notícia sobre a prisão de Khalil e fez uma promessa ampla: "Revogaremos os vistos e/ou green cards de apoiadores do Hamas nos EUA para que eles possam ser deportados".