Israel alerta libaneses a 'se afastarem' de posições do Hezbollah e lança novos ataques aéreos
24/09/2024
COMPARTILHE
Ministério da Saúde do Líbano confirmou ao menos 50 mortes durante bombardeios nesta segunda e determinou que hospitais cancelem cirurgias eletivas para atender urgências
O Exército de Israel alertou cidadãos civis do Líbano a "se afastarem" de posições do Hezbollah nesta segunda-feira, após lançar mais uma rodada de ataques aéreos contra posições do movimento xiita no país ao norte. Dezenas de jatos de guerra israelenses entraram no espaço aéreo libanês para novos bombardeios, com a mídia estatal libanesa relatando bombardeios no sul e no leste do país, e o governo falando em ao menos 50 mortes confirmadas —, um dia após foguetes do Hezbollah detonarem perto de Haifa, uma das maiores cidades do Estado judeu.
— Aconselhamos os civis das populações libanesas localizadas dentro e perto de edifícios e áreas usadas pelo Hezbollah para fins militares a partirem imediatamente — disse o porta-voz militar israelense Daniel Hagari. — [As forças israelenses] realizarão bombardeios [mais] extensos e precisos contra alvos terroristas que se tornaram amplamente enraizados em todo o Líbano.
As Forças Armadas israelenses publicaram um mapa mostrando 19 aldeias e cidades no sul do Líbano que estariam dentro do escopo das ações militares, mas não detalhou quais delas seriam alvos dos novos ataques ou deveriam ser evacuadas. A agência oficial libanesa ANI noticiou "mais de 80 bombardeios" em meia hora na manhã desta segunda, contra o sul do país. Os ataques mais intensos teriam acontecido no vale do Bekaa, no leste do país.
O Ministério da Saúde do Líbano afirmou que ao menos 50 pessoas morreram e 300 ficaram feridas durante os bombardeios desta segunda-feira, sobretudo contra o sul do país. Ainda de acordo com a autoridade de saúde governamental, há confirmação de mulheres, crianças e trabalhadores de saúde entre os mortos.
Questionado se o anúncio indicava que Israel preparava uma invasão terrestre do território libanês, Hagari afirmou que, no momento atual, o foco seria apenas na "campanha aérea".
A troca de hostilidades entre Israel e Hezbollah atingiu um ápice desde o início da guerra em Gaza na semana passada, quando uma operação atribuída a inteligência israelense — negada pelo presidente do país no fim de semana — explodiu milhares de aparelhos pager e walkie-talkies usados pelo grupo libanês. Dezenas morreram e mais de 3 mil ficaram feridos, segundo as autoridades libanesas.
O Hezbollah respondeu com força. Centenas de foguetes foram disparados de diferentes pontos do sul do Líbano contra o norte de Israel, forçando as autoridades do Estado judeu a fecharem o espaço aéreo de parte do país no fim de semana e emitirem determinações de segurança para a população civil. No domingo, o grupo disparou cerca de 150 foguetes, mísseis de cruzeiro e drones, atingindo uma área civil perto de Haifa, a terceira cidade mais importante do país.
O vice-líder do Hezbollah, Naim Qassem, afirmou que o bombardeio do domingo seria "apenas o começo” da represália a Israel, afirmando que o conflito entre o grupo e o Estado judeu havia entrado em “um novo estágio” — desde 8 de outubro do ano passado, o movimento libanês dispara contra Israel em solidariedade aos ataques israelenses contra Gaza.
— [O Hezbollah lutará contra Israel] de onde eles esperam e de onde eles não esperam — disse Qassem.
Enquanto isso, em Beirute, as autoridades do governo libanês — que se viu em meio ao fogo-cruzado entre Israel e Hezbollah — continua tentando lidar com o impacto dos ataques israelenses. O Ministério da Saúde do país determinou que os hospitais do sul cancelem a realização de cirurgias eletivas para se concentrarem nos atendimentos de urgência em meio aos bombardeios.
Em paralelo, equipes de resgate continuavam a vasculhar o local de um bombardeio israelense na sexta-feira, que matou Ibrahim Aqil, comandante do braço armado do Hezbollah. A estimativa é de que entre 10 e 15 pessoas sigam presas nos destroços do prédio residencial atingido — Israel afirma que o local era utilizado para reuniões e planejamento de atividades do movimento libanês. (Com AFP e NYT)
VEJA TAMBÉM