'Efeito Trump' faz Partido Democrata querer antecipar Biden como candidato à reeleição nos EUA; eleitores defendem que presidente desista

18/07/2024

Fonte: Por g1

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Nomeação de presidente Biden ocorreria de forma virtual no início de agosto. Movimentação dos democratas acontece dias após a oficialização de Donald Trump como candidato republicano às eleições presidenciais em novembro. Ao mesmo tempo, uma pesquisa indica que quase dois terços dos eleitores democratas querem que Biden saia da corrida.

Os democratas planejam realizar uma votação virtual na primeira semana de agosto para oficializar a candidatura do presidente Joe Biden à Casa Branca. A movimentação ocorre após a oficialização do republicano Donald Trump para a corrida eleitoral nesta semana.

 

 

A votação virtual não ocorrerá até agosto, mas o Partido Democrata está comprometido em realizar essa votação antes de 7 de agosto, prazo limite de inscrição de candidaturas no estado de Ohio, segundo uma carta enviada aos membros do comitê de regras da Convenção Nacional Democrata obtida nesta quarta (17) pela agência de notícias Associated Press.

Caso isso aconteça, a nomeação de Biden como candidato do partido ocorreria antes do previsto -- normalmente essa formalização acontece durante a Convenção Nacional Democrata, que está agendada para 19 a 22 de agosto em Chicago.

Ao mesmo tempo, uma nova pesquisa indica que quase dois terços dos eleitores democratas (65%) querem que o presidente Joe Biden desista da candidatura. A consulta foi realizada pelo Centro de Pesquisa de Assuntos Públicos AP-NORC e a maioria das entrevistas foi realizada antes do atentado contra Trump. (Leia mais abaixo)

Apesar do aumento da pressão em Biden pela desistência da candidatura à reeleição, a pesquisa de intenção de voto mais recente realizada pela Ipsos indica que Trump e Biden estão empatados tecnicamente, com 43% e 41%, respectivamente. (Leia mais abaixo)

O comitê de regras da convenção democrata se reunirá nesta sexta-feira (19) para discutir seus planos e os finalizará na próxima semana, ainda de acordo com a carta, escrita pelos co-presidentes do comitê Leah D. Daughtry e o governador de Minnesota, Tim Walz.

 

"Não implementaremos um processo de votação virtual apressado, embora comecemos nossa importante consideração de como um processo de votação virtual funcionaria", escreveram Daughtry e Walz.

 

O partido democrata anunciou em maio que realizaria uma chamada de votos antecipada para garantir que Biden qualificasse para a cédula em Ohio, que originalmente tinha um prazo até 7 de agosto, mas o estado desde então mudou suas regras. A campanha de Biden insiste que o partido deve operar sob as regras iniciais de Ohio para impedir qualquer possibilidade de legisladores republicanos imponham desafios legais para ter o presidente na cédula do estado.

A carta de Daughtry e Walz chega um dia após notícias de que ao menos três políticos democratas da Câmara, contrários a uma rápida nomeação de Biden como candidato do partido às eleições, preparavam outra carta levantando “sérias preocupações” sobre os planos para uma chamada virtual de votos.

Essa outra carta, que teria como signatários os deputados Susan Wild, Mike Quigley e Jared Huffman, segundo a Reuters, diz que seria uma “péssima ideia” sufocar o debate sobre o candidato do partido com a votação antecipada. “Poderia profundamente minar a moral e a unidade dos democratas”, disse a carta, obtida pela AP.

O ex-presidente Donald Trump foi oficializado como candidato republicano à Casa Branca na segunda-feira (15) durante a Convenção Nacional Republicana em Milwaukee, em Wisconsin. A formalização é um processo padrão após vitória nas prévias do partido. No mesmo dia, Trump indicou o senador republicano J.D. Vance para ser seu vice e a chapa também foi formalizada.

Quase dois terços dos eleitores democratas acreditam que o presidente Joe Biden deveria se retirar da corrida presidencial e deixar seu partido nomear outro candidato, de acordo com uma nova pesquisa.

Segundo a pesquisa, realizada pelo Centro de Pesquisa de Assuntos Públicos AP-NORC, 65% dos democratas dizem que Biden deveria se retirar. No geral, 7 em cada 10 adultos americanos dizem que Biden deveria desistir da corrida.

 

O resultado enfraquece o discurso adotado pelo presidente dos EUA pós-debate de que os "democratas comuns" ainda estão com ele, mesmo que alguns "grandes nomes" estejam se voltando contra ele.

Enquanto isso, 73% dos republicanos dizem que Trump deve permanecer na corrida. Já no lado democrata, apenas 35% dos eleitores do partido dizem que Biden deve permanecer na corrida.

Em meio a uma insatisfação dos americanos com ambos os candidatos, 57% dos adultos dos EUA dizem que Trump também deveria se retirar da corrida e permitir que o Partido Republicano nomeie um substituto.

A pesquisa foi realizada principalmente antes da tentativa de assassinato de Trump em um comício de campanha na Pensilvânia no último sábado (13). Ainda não se sabe se o atentado influenciou as opiniões das pessoas sobre Biden, mas o pequeno número de entrevistas realizadas após o tiroteio não forneceu nenhuma indicação inicial de que suas perspectivas melhoraram, segundo a AP-NORC.

Os resultados ressaltam os desafios que o presidente de 81 anos enfrenta enquanto tenta silenciar os pedidos dentro de seu próprio partido para deixar a corrida e convencer os democratas de que ele é o melhor candidato para derrotar Donald Trump.

A nova pesquisa também descobriu que cerca de 3 em cada 10 democratas estão extremamente ou muito confiantes de que ele tem a capacidade mental para servir efetivamente como presidente --uma ligeira queda em relação aos 40% em uma pesquisa AP-NORC em fevereiro.

O ex-presidente Donald Trump e o presidente Joe Biden aparecem empatados dentro da margem de erro em pesquisa presidencial da Ipsos/Reuters divulgada nesta terça-feira (16). O republicano tem 43%, enquanto o democrata aparece com 41%.

O levantamento da Ipsos ouviu 1.202 adultos, incluindo 992 eleitores registrados, entre os dias 14 e 16 de julho. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Esse foi o primeiro levantamento do instituto após o atentado contra Trump. A pesquisa anterior do instituto, realizada entre os dias 1º e 2 de julho, havia apontado ambos os candidatos com 40% das intenções de voto cada.

Trump, portanto, oscilou dois pontos percentuais para cima, dentro da margem de erro, enquanto Biden oscilou um ponto percentual para cima.

 

Segundo a agência Reuters, os números sugerem que a tentativa de assassinato contra o ex-presidente "não causaram grande mudança no sentimento do eleitor".

 

O sistema eleitoral americano, porém, é indireto: diferentemente do sistema brasileiro, os votos são apurados por estado, e o vencedor de cada unidade da federação leva todos os delegados desta para um colégio eleitoral.

A pesquisa apontou ainda que quatro em cada cinco norte-americanos temem que os Estados Unidos estejam saindo do controle após o atentado contra Trump. Segundo o levantamento:

 

  • 84% dos eleitores disseram que estão preocupados com atos de violência após a eleição;
  • 5% disseram ser aceitável alguém cometer violência para conseguir um objetivo político;
  • 65% dos republicanos registrados para votar disseram que Trump era favorecido pelo poder divino. O índice é de 11% entre os democratas.

 

Outros dois levantamentos feitos após o atentado também mostram uma pequena vantagem para Trump. Na pesquisa da Morning Consult, o republicano tem 46% contra 45% de Biden. Já na da 3W Insights, encomendada pelo Partido Democrata, Trump tem vantagem de 47% a 43%.

Uma média feita pelo jornal "The New York Times" com as pesquisas mais recentes aponta que Trump tem 47% contra 45% de Biden.