Comandante da divisão de armas químicas do Exército russo morre em detonação atribuída à Ucrânia

18/12/2024

Fonte: Por O Globo, com agências internacionais — Moscou

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Segundo o Comitê Investigativo da Rússia, as vítimas são o general Igor Kirillov, chefe das Forças de Defesa Nuclear, Biológica e Química (NBC) e seu assistente

O comandante da divisão de armas químicas do Exército russo, general Igor Kirilov, foi morto na madrugada desta terça-feira, em uma explosão atribuída ao Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU). De acordo com o Comitê de Investigação da Rússia, tanto o militar de alta patente, responsável pelas forças de defesa radiológica, química e biológica russas, quanto um auxiliar, foram vitimados na ação, que envolveu a detonação remota de um patinete elétrico.

"Um artefato explosivo colocado em um patinete estacionado perto da entrada do imóvel residencial [de Kirilov] foi ativado na madrugada de 17 de dezembro", informou o comitê em comunicado, acrescentando que os dois homens saíam de um prédio na zona sudeste de Moscou.

Algumas horas depois, uma fonte do SBU declarou à AFP que o Serviço de Segurança da Ucrânia foi responsável pela explosão.

— O atentado com bomba perpetrado hoje contra o tenente-general Igor Kirilov, comandante das forças de defesa radiológicas, químicas e biológicas das Forças Armadas russas, foi uma operação especial do SBU — afirmou a fonte.

A entrada do edifício sofreu danos consideráveis e as janelas de vários apartamentos quebraram, segundo imagens divulgadas pela imprensa russa.

"Uma investigação criminal foi aberta pelo assassinato de dois militares em Moscou", anunciou o Comitê de Investigação.

Os investigadores seguiram para o local e iniciaram análises para estabelecer "todas as circunstâncias" do incidente, segundo o comitê.

"Um crime sem precedentes foi cometido em Moscou", afirma o site do jornal Kommersant, que destaca que Kirilov "não era o comandante mais importante envolvido na operação especial russa" na Ucrânia. "Mas foi ele quem falou durante as sessões informativas sobre os laboratórios de armas biológicas na Ucrânia", dos quais a Rússia acusou os Estados Unidos, lembrou o Kommersant.

 

Punição 'sem piedade'

 

A fonte do SBU ucraniano afirmou que Kirilov era um "criminoso de guerra" e "alvo absolutamente legítimo", porque ordenou o uso de armas químicas proibidas contra os soldados ucranianos.

A porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, lamentou no Telegram a perda de um "general corajoso que nunca se escondeu nas costas dos demais" e lutou "pela pátria mãe e pela verdade".

Por sua vez, o vice-presidente do Conselho da Federação, a Câmara Alta do Parlamento russo, Konstantin Kosashev, prometeu no Telegram que "os assassinos serão punidos, sem nenhuma dúvida e sem piedade".

Kirilov, que estava no cargo desde 2017, foi objeto de sanções do Reino Unido em outubro pelo suposto uso de armas químicas na Ucrânia. Ele é o oficial militar russo de maior escalão que morreu em Moscou desde o início da ofensiva do Kremlin na Ucrânia, há quase três anos.

Segundo o governo britânico, Kirilov e sua unidade ajudaram a "enviar as armas bárbaras" para a Ucrânia, o que Moscou nega.

Reino Unido e Estados Unidos acusam a Rússia de usar o agente tóxico cloropicrina contra as forças ucranianas, uma violação da Convenção sobre Armas Químicas.

A Rússia afirma que não tem mais um arsenal de armas químicas, mas o país foi pressionado a ser mais transparente sobre o uso de armas tóxicas.

Em junho, a Ucrânia acusou a Rússia de intensificar os ataques na linha de combate com produtos químicos proibidos. Em novembro, o país registrou mais de 700 casos de utilização.

O assassinato desta terça-feira aconteceu um dia após o presidente russo, Vladimir Putin, elogiar o avanço de suas tropas na frente de batalha no final de um ano "crucial".

O Exército russo avançou no leste da Ucrânia em seu ritmo mais acelerado desde as primeiras semanas da ofensiva, iniciada em fevereiro de 2022.

Rússia e Ucrânia tentam melhorar suas posições no campo de batalha antes da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que prometeu acabar com o conflito.