Taxação dos super-ricos: ‘Brasil criou uma conta paradisíaca para 2 mil famílias’, diz Haddad

27/07/2023

O globo Por Renan Monteiro, O GLOBO — Brasília

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Governo vai enviar em agosto uma séria de medidas com foco no aumento da arrecadação

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu, nesta quarta-feira, o projeto do governo para taxar os chamados fundos exclusivos, que são usados por famílias de alta renda e pagam impostos apenas na hora do resgate dos investimentos. A ideia é estabelecer o chamado regime de "come-cotas", com cobranças semestrais sobre os rendimentos, como já acontece com os fundos tradicionais. Haddad participou de entrevista com o portal Metrópoles.

— Ninguém está querendo tomar nada de ninguém, estamos cobrando o rendimento deste fundo. Como qualquer trabalhador, você paga o imposto de renda. Não tem sentido uma pessoa que tem R$ 300 milhões de patrimônio rendendo estar em um paraíso fiscal só dele. O Brasil criou uma conta paradisíaca para essas 2 mil famílias — afirmou.

A estimativa apresentada por Haddad é de 2.400 fundos que envolvem um patrimônio total na ordem de R$ 800 bilhões. O envio ao Congresso para tributar esses rendimentos será no fim de agosto, junto com o Projeto de Lei Orçamentária Anual de 2024 (PLOA-2024).

O ministro também afirmou que está nas mãos do Congresso Nacional a decisão final sobre as medidas de ajuste do orçamento do governo para os próximos anos. Além da taxação dos fundos exclusivos, o governo vai enviar outras medidas com foco no aumento da arrecadação.

 

 

A meta é reduzir o déficit orçamentário para este ano, em aproximadamente 1% do PIB ou na casa de R$ 100 bilhões, bem como zerar o rombo nas contas públicas para o ano de 2024.

— A peça orçamentária vai acompanhada desse conjunto complementar de medidas. Agora, a última palavra é do Congresso. Se amanhã, supondo, o Congresso não aprovar uma dessas medidas, o relator do orçamento vai ter que ajustar a peça orçamentária à luz do que foi aprovada — argumenta.

Queda na taxa de juros

 

Haddad também criticou a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% - desde agosto de 2022. Segundo ele, já houve melhora na expectativa da inflação nos últimos meses e lembra que a inflação corrente caiu para 3,16% em um ano.

Queda na taxa de juros

 

Haddad também criticou a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% - desde agosto de 2022. Segundo ele, já houve melhora na expectativa da inflação nos últimos meses e lembra que a inflação corrente caiu para 3,16% em um ano.