Por que o Banco Central entrou no alvo do TCU por causa do Master e quem é o ministro à frente do caso
29/12/2025

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Jhonatan de Jesus, ex-deputado que chegou ao cargo com apoio de vários partidos, deu prazo até segunda-feira para que a autoridade monetária explique motivos da liquidação do Master
Além do Supremo Tribunal Federal (STF), o Banco Central é alvo do Tribunal de Contas da União (TCU) no processo de liquidação do Master. Enquanto o ministro do STF Dias Toffoli marcou para a semana que vem uma acareação, o ministro do TCU Jhonatan de Jesus determinou que a autoridade monetária explique os motivos para liquidar a instituição financeira.
Esse prazo vence na próxima segunda-feira, em outra frente de pressão sobre o BC a respeito de sua atuação na fiscalização da instituição financeira em sua longa crise até a liquidação extrajudicial decretada em 18 de novembro em meio à Operação Compliance Zero, da Polícia Federal (PF), que prendeu o dono do Master, Daniel Vorcaro.
A PF investiga indícios de fraude em transações financeiras que somam R$ 12,2 bilhões entre Master e BRB, banco estatal de Brasília que só não comprou o Master por que o negócio foi vetado pelo BC. Toda a movimentação em torno do Master passa pelo mundo político de Brasília, no qual Vorcaro desenvolveu uma extensa rede de relacionamentos, que também chega ao Judiciário.
A decisão do TCU, que tem como principal missão fiscalizar a aplicação de recursos financeiros federais, de pedir informações ao BC sobre o caso Master causou estranhamento por se tratar de negociações suspeitas entre empresas privadas do setor financeiro.
Quem investiga?
O caso está nas mãos do ministro Jhonatan de Jesus, que foi deputado eleito por Roraima para quatro mandatos consecutivos. Ele é, aos 42 anos, o mais jovem ministro do TCU. Na carreira, tem como aliados políticos o próprio pai, o senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR); o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP); e o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL). Procurado, o ministro não se manifestou.
A decisão de Jhonatan foi tomada em medida cautelar no âmbito do processo que investiga uma possível omissão do BC em relação a operações do banco controlado por Daniel Vorcaro.
Embora o processo tenha sido instaurado para apurar uma possível demora da autoridade monetária em decretar a liquidação do Master, a decisão de Jhonatan de Jesus questiona o motivo da medida. Em seu despacho, o ministro pede que se esclareça “fundamentação e motivação” para a decretação da liquidação extrajudicial, “com indicação sintética dos principais marcos decisórios e do racional determinante para a adoção da medida extrema naquele momento”.
Nos bastidores, o BC já esperava decisões nessa linha do Judiciário e de órgãos como o TCU. Por se tratar de um caso delicado, diretores e técnicos da autoridade monetária que estiveram envolvidos na liquidação documentaram todos os processos.
Apoio de Lira
O ministro do TCU foi indicado ao cargo pelo Republicanos, e seu nome foi aprovado pelo plenário da Casa. As vagas do TCU são distribuídas entre indicações do Senado, da Câmara e da Presidência da República — três para cada.
Para ser aprovado pela Câmara, Jhonatan contou com o apoio do então presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), de quem é considerado aliado. A fase mais decisiva da movimentação pelo nome de Jhonatan foi feita em conjunto com a campanha de Lira à reeleição da presidência da Câmara, em 2023.
Lira chegou a levar então o deputado a reuniões com líderes para pedir votos e apresentar a candidatura. Procurado, não se manifestou. Nos bastidores, ele tem dito que apoiou a indicação de Jonathan, mas não considera que tenha sido o único fator de sucesso da candidatura e que também manteve boa relação com os demais candidatos.
Na Câmara, o nome de Jhonatan recebeu o apoio de um amplo quadro de partidos, desde a federação formada por PT, PCdoB e PV, até PP, PDT, PSB, PSD, União Brasil, Podemos, PSDB e Cidadania.
O então deputado federal foi apoiado até pelo MDB, partido de seu principal adversário à vaga do TCU na época, Fábio Ramalho (MDB-MG). Além dos dois, a deputada Soraya Santos (PL-RJ) também disputou o cargo. Jhonatan teve 239 votos na Câmara, contra 174 de Ramalho e 64 de Soraya.
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