Petrobras: entenda a cisão entre governo e diretoria que pode resultar na demissão de Jean Paul Prates

08/04/2024

Fonte: Por g1

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Declarações do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reacenderam o desentendimento com o presidente da empresa revelado pelo caso da retenção dos dividendos extraordinários no início do mês. O 'cabo de guerra' será arbitrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, passa por um novo processo de "fritura" e voltou a ter o cargo ameaçado nesta semana, depois de mais um desentendimento com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O assunto, mais uma vez, é a distribuição dos dividendos extraordinários da empresa.

Dividendos são valores pagos aos acionistas com base nos lucros da empresa. O não pagamento dos dividendos extraordinários, em março, gerou mal-estar no mercado, porque foi interpretado como interferência política do governo na estatal.

Silveira lançou uma ofensiva no início da semana, quando perguntado sobre o assunto em entrevista à GloboNews. O ministro afirmou que fica “extremamente preocupado e até indignado” com acusações de intervencionismo na Petrobras.

Disse ainda que o governo exerceu o direito de discutir com os conselheiros indicados pelo Executivo “a destinação correta dos dividendos extraordinários”.

 

“Nós não podemos admitir que a Petrobras tenha o único e exclusivo objetivo de ter lucros exorbitantes para poder distribuir aos seus acionistas”, disse Silveira.

 

“Não podemos é deixar de fiscalizar, por exemplo, o que a diretoria da Petrobras está fazendo do ponto de vista do cumprimento do seu plano de investimento aprovado pelo Conselho de Administração. Porque o grande objetivo do governo do presidente Lula é cuidar das pessoas”, prosseguiu.

Prates não gostou das declarações do ministro, e passou a cobrar proteção. Daí em diante, uma série de eventos têm se desencadeado nos bastidores. Trata-se de um cabo de guerra que será arbitrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O que se sabe até o momento é o seguinte:

 

  1. A discussão sobre dividendos continua, apesar de o governo ter decidido distribuir mais uma parte dos valores. Isso ainda deve ser ratificado em assembleia da empresa;
  2. Ainda assim, Prates periga no cargo. A avaliação é de que o desgaste é irreversível;
  3. O presidente da Petrobras tem o apoio do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do mercado financeiro;
  4. Alas do governo são contra a permanência, e pedem por mudanças para que a Petrobras não remunere o acionista em vez de investir;

 

Para organizar as informações, o g1 preparou um guia. Além do que foi dito publicamente, há nesta reportagem as apurações dos blogs do Valdo Cruz, Julia Duailibi, Andréia Sadi e Ana Flor.