Faltam imóveis para acolher milhares de famílias gaúchas desalojadas

17/06/2024

Fonte: g1 Por Jornal Nacional

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A enchente destruiu ou danificou 100 mil moradias no Rio Grande do Sul. Recuperar um teto para cada uma das famílias desalojadas é uma tarefa que vai exigir tempo e dinheiro.

A enchente destruiu ou danificou 100 mil moradias no Rio Grande do Sul. Recuperar um teto para cada uma das famílias desalojadas é uma tarefa que vai exigir tempo e dinheiro. Por isso, em algumas regiões, a solução tem sido compartilhar os imóveis disponíveis depois do desastre.

O filho mais novo da auxiliar de produção Bruna Vitória de Oliveira chegou ao mundo sem ter um lar. A família está morando no ginásio municipal de Cruzeiro do Sul, há mais de um mês.

“Todas as casas que eu fui, eles nunca querem alugar por causa que eu tenho quatro filhos e é tudo acima de R$ 1 mil e, para mim, eu não tenho condições”, conta.

A dona de casa Aline Maria da Silva também se refugiou em um abrigo. Ela já tinha ficado sem casa depois do temporal em setembro de 2023. Se mudou para outra casa, que foi arrastada pela enchente de maio.

 

“Nós queremos saber o que que vai ser de nós daqui para frente. Nós vamos ficar aqui quanto tempo?”, questiona.
Com o apoio de voluntários, a prefeitura instalou divisórias para dar privacidade a 93 famílias. A cidade, de 11 mil habitantes, praticamente não tem casas para alugar. As opções disponíveis estão mais caras. Muitas foram inundadas e os proprietários não querem voltar.
“Está muito difícil, inclusive que não pegou enchente. Nós não temos nada para oferecer”, afirma o dono de imobiliária Jorge Ssiebenborn.

 

Três famílias que perderam as casas na enchente conseguiram alugar. O imóvel teve que ser adaptado para acomodar 11 pessoas. A garagem, por exemplo, virou uma sala maior para caber todo mundo, porque a sala original virou quarto com duas camas de casal. Foi a maneira que eles encontraram para morar em segurança e economizar em tempos tão difíceis.

O pedreiro Eliomar Carlos Jandrey está dividindo os custos com as famílias da irmã e da sogra.

 

“A única coisa boa disso tudo é que a gente decidiu: vamos fazer junto, senão ia quebrar mais que estava. Falido, a gente já estava, então ia ficar pior”, conta.

 

O governo do Rio Grande do Sul abriu processo para que os municípios solicitem auxílio para o aluguel social – R$ 400 para quem vive em abrigos e para famílias acolhidas na casa de terceiros.

As prefeituras precisam enviar a documentação até 24 de julho e devem bancar 50% ou mais do valor total do benefício. A Prefeitura de Cruzeiro do Sul informou que está identificando as famílias aptas a fazer parte do programa.

A falta de imóveis também afeta comerciantes. A empresária Ana Carolina Weber perdeu a loja de materiais de construção. O recomeço vai ser na área de uma antiga metalúrgica, pagando o dobro de aluguel.

“É cidade pequena e que a gente não tem muitos imóveis à disposição. O pessoal, em geral, está tendo bastante dificuldade em achar um local seguro, que não pega realmente água em nenhuma cota”, diz Ana Carolina.