Bolsonaristas cobiçam presidência do Senado e aliados de Pacheco articulam reaçãoo

07/10/2022

O globo Por Bela Megale

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Aliados do presidente já mostram interesse no comando da Casa e acendem alerta entre parlamentares e ministros do STF

Dois dias após ser eleita senadora, a ex-ministra e aliada de primeira ordem de Bolsonaro Damares Alves (Republicanos-DF) foi ao Senado para escolher seu gabinete. Quatro meses antes de sua posse, alardeou pelos corredores que pretende disputar a presidência da Casa.

Além de Damares, outros nomes da base governista, como o da ex-ministra Tereza Cristina (PL-MS), também eleita senadora, e do líder do governo, Carlos Portinho (PL-RJ), são apontados como possíveis candidatos ao posto.

A possibilidade de um aliado de Bolsonaro ocupar o comando do Senado tem preocupado parlamentares que são independentes e fazem oposição ao presidente, além de membros do Judiciário, em especial, o Supremo Tribunal Federal (STF). O alerta acendeu após a eleição de domingo, na qual o presidente elegeu 20 aliados para o Senado, sendo 15 de seu partido, o PL. A Casa tem 81 senadores.

A avaliação é que, na eventual vitória de um aliado de Bolsonaro para o comando da Casa, o sistema de freios e contrapesos que o presidente, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), busca imprimir cairá por terra. Isso porque, na Câmara, o caminho para a reeleição do deputado Artur Lira (PP-AL), aliado do chefe do Executivo, ganha força, especialmente no cenário de permanência de Bolsonaro.

Segundo turno: Apoio de Zema a Bolsonaro inclui acerto sobre possível sucessor em eleição

Diante da tentativa de avanço do bolsonarismo na Casa, aliados de Pacheco preparam uma reação e já começaram a se articular pela reeleição do mineiro. Na sessão desta terça-feira, o senador Jorge Kajuru (Podemos-GO) falou no plenário que está reunindo colegas em torno do movimento. A meta é que as articulações e a campanha ganhem corpo após o segundo turno da eleição.

— Fiquei indignado com a posição de um líder do governo Bolsonaro já dizendo que o próximo presidente do Senado tem que ser do partido do Bolsonaro. Calma. Primeiro que ele não ganhou a eleição, segundo turno é dia 30. Que os novos senadores cheguem aqui com os pés no chão, com humildade — afirmou Kajuru.

Com as chances de Bolsonaro e Lira permanecerem nos cargos, o Senado passa a ser a única fronteira contra o avanço de pautas bolsonaristas com o potencial de colocar o país numa posição de isolamento. Um dos projetos que a comunidade internacional acompanha atenta é o que institui a Lei Geral do Licenciamento Ambiental e tem impacto direto nas exportações brasileiras.

A base do presidente também tem interesse especial em outros projetos que hoje estão parados no Senado, como o que flexibiliza o registro, a posse e a comercialização de armas de fogo e munições. Outras pautas com potencial de abrir uma crise institucional são os pedidos de demissão de ministros do STF, em especial, Alexandre de Moraes.