Bate-boca no Salão Oval: vídeo mostra a reação da embaixadora ucraniana nos EUA à discussão entre Trump e Zelensky
03/03/2025

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Oksana Markarova levou as mãos ao rosto, enquanto assistia à forma como o chefe de Estado norte-americano se dirigia ao presidente da Ucrânia
O bate-boca entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que pôs em xeque o apoio americano a Kiev na guerra, repercutiu no mundo inteiro com diferentes reações. Dentro do Salão Oval da Casa Branca, chamou atenção a feição da embaixadora ucraniana em Washington, Oksana Markarova: com semblante pesado, ela leva as mãos ao rosto em tom de “desespero” enquanto presenciava a cena inédita.
As imagens foram divulgadas pelo jornal ucraniano KyviPost e repercutiram nas redes sociais. Após o encontro caótico, o líder americano disse que seu homólogo "desrespeitou" os Estados Unidos e que poderá voltar à Casa Branca "quando estiver pronto para a paz". Além do espanto com as cenas no Salão Oval, o fim abrupto da visita põe em xeque o comprometimento dos EUA com o apoio a Kiev na guerra contra a Rússia.
Em mensagem na sua rede social Truth Social após a discussão, Trump disse que ele e Zelensky tiveram "uma reunião muito significativa na Casa Branca", afirmando ser "incrível o que surge" em momentos de emoção, antes de lançar um ataque direto ao líder ucraniano.
"Eu determinei que o presidente Zelensky não está pronto para a paz se a América estiver envolvida, porque ele sente que nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações", escreveu Trump. "Eu não quero vantagem, eu quero PAZ. Ele desrespeitou os Estados Unidos da América em seu querido Salão Oval."
Ele conclui dizendo que Zelensky "pode voltar quando estiver pronto para a paz". Pouco depois, a Casa Branca disse que uma entrevista coletiva, prevista para a tarde desta sexta-feira, havia sido cancelada, enquanto a delegação ucraniana se preparava para deixar a Casa Branca. A Presidênca dos EUA confirmou que nada foi assinado entre os dois líderes.
A sexta-feira começou com a expectativa de que Trump e Zelensky se sentassem à mesa para assinar um acordo que daria aos americanos acesso a parte dos recursos minerais ucranianos, uma forma determinada por Trump para compensar os pacotes de ajuda militar enviados a Kiev. Foram semanas de negociações, que incluíram rejeições, críticas públicas e pressões, dos dois lados, por concessões, em especial sobre garantias de segurança dadas pelos EUA para evitar uma nova invasão russa.
Mas o que se viu antes das portas se fecharem foi uma discussão entre os dois líderes, que também incluiu o vice-presidente americano, J.D. Vance, como jamais vista em tempos recentes na Casa Branca, ao menos diante das câmeras. Vance e Trump questionaram a relutância de Zelensky em dialogar com Putin desde o início da guerra e o acusaram de ser "ingrato" e "desrespeitoso".
— Vocês querem que eu diga coisas realmente terríveis sobre Putin e então diga: "Oi, Vladimir. Como estamos indo no acordo?", não funciona assim. Eu não estou alinhado com Putin. Eu não estou alinhado com ninguém. Eu estou alinhado com os Estados Unidos da América, e para o bem do mundo, eu estou alinhado com o mundo, e eu quero acabar com isso — disse o presidente americano.
Trump voltou a acusar, falsamente, a Ucrânia de ser a responsável por iniciar a invasão ordenada por Putin há três anos. Na sala, os presentes compartilhavam um silêncio constrangido.
— Não nos diga o que vamos sentir. Você não está em posição de ditar o que vamos sentir. Você se permitiu estar em uma posição muito ruim. Você não tem as cartas certas agora conosco — ameaçou Trump. — Você está apostando com as vidas de milhões, você está jogando com a Terceira Guerra Mundial. E o que você está fazendo é muito desrespeitoso com este país.
Por fim, o republicano pareceu dar um ultimato.
— O problema é que eu te dei poder para ser um cara durão, e eu não acho que você seria um cara durão sem os Estados Unidos. E seu povo é muito corajoso. Mas ou você vai fazer um acordo ou nós estamos fora e se estivermos fora, você vai lutar. Eu não acho que vai ser bonito, mas você vai lutar.
A reviravolta, que ocorre após uma peregrinação de líderes europeus à Casa Branca para tentar amenizar as posições de Trump, joga em terreno desconhecido o caminho para um cessar-fogo na Ucrânia. O presidente americano demonstra mais interesse em negociar com a Rússia do que com Kiev e chegou a sugerir, em mais de uma ocasião, que poderia fechar um acordo sem os ucranianos. Sobre os recursos minerais, Trump se recusava a falar em garantias de segurança, como queria Zelensky, e repetia que esse era papel da Europa, e não dele.
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