Arcabouço: Senado aprova nova regra fiscal

22/06/2023

Fonte: Por Sara Resende e Vinícius Cassela, TV Globo e g1 — Brasília

COMPARTILHE

Proposta, que vai substituir o teto de gastos, estabelece um piso para crescimento das despesas públicas, que só poderão subir se também houver aumento da receita. Texto volta à Câmara.

Senado aprovou nesta quarta-feira (21), por 57 votos a 17, o texto da nova regra fiscal, chamada de arcabouço.

O projeto retornará à Câmara para mais uma rodada de votação. Isso porque a proposta sofreu alterações no Senado.

Durante a manhã, o texto já havia sido aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos da Casa.

A proposta, que vai substituir o teto de gastos, estabelece um piso para crescimento das despesas públicas, que só poderá subir se também houver aumento da receita. O objetivo é estabilizar a diferença entre a dívida do governo e o crescimento econômico.

A norma autoriza o aumento das despesas acima da inflação.

Mudanças

 

Os senadores excluíram das limitações do novo regime fiscal:

 

  • Fundo Constitucional do Distrito Federal, destinado ao investimento em segurança, saúde e educação no DF;
  • Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), principal fonte de financiamento da educação básica;
  • gastos com ciência e tecnologia de forma geral.

 

Na Câmara, o texto aprovado previa um novo cálculo de correção e a aplicação do novo marco fiscal ao montante destinado ao fundo do DF. Os senadores retiraram os trechos.

De acordo com a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, o impacto potencial da mudança na regra de correção dos recursos do fundo poderia variar de R$ 1,4 bilhão a R$ 9,6 bilhões.

"Em um cenário extremo, esse impacto poderia chegar a R$ 24 bilhões", apontou.

O relator, senador Omar Aziz (PSD-AM), incluiu no projeto um trecho que, na prática, preserva até R$ 40 bilhões de despesas em 2024.

O senador não mexeu no período da inflação considerado para corrigir as despesas federais, que será de 12 meses anteriores até junho — e não a projeção para todo o ano, de janeiro até o fim de dezembro, como propôs o governo inicialmente.

Aziz aceitou, no entanto, proposta que permite ao governo a previsão, no projeto de lei orçamentária, do valor das despesas também com base na inflação de julho a dezembro. A partir da atualização, o governo poderá ter um acréscimo de R$ 30 a R$ 40 bilhões nas despesas do ano que vem.

Como a inflação registrada ao final de 2023 deve ficar em um patamar maior do que o apurado nos 12 meses até junho, a expectativa é que, com essa mudança, o governo possa detalhar na peça orçamentária referente a 2024 como vai gastar esse montante. Se vai, por exemplo, usar para investir em programas sociais como o Bolsa Família.

A possibilidade de crescimento das despesas estará na proposta de orçamento, mas condicionada à aprovação de crédito pelo Congresso. Segundo o novo regime fiscal, as despesas terão crescimento real. Então, quanto maior a inflação, maior o ritmo de crescimento das despesas.