Quando três gerações de médicos trabalham juntas

28/05/2024

Fonte: g1 Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro

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José Badim, de 93 anos, o filho Marcos e o neto, Pedro, compartilham o centro cirúrgico e a paixão pela medicina.

Pai, 93 anos; filho, 63; neto, 33. Três gerações de médicos da família Badim trabalham – e operam em equipe – num exemplo inspirador de intergeracionalidade que combina respeito, camaradagem e admiração mútua. A vitalidade do patriarca logo chama a atenção, quando me dá um forte aperto de mão e diz que mantém quase inalterada sua rotina. Só não cuida mais de questões burocráticas:

 

“Tenho 70 anos de hospital, sou testemunha do progresso na medicina. E me sinto inteiro, bem-disposto, por que deixaria de trabalhar? É uma alegria, é também um senso de propósito”, afirma José Badim, o decano.
Formado em 1956, pela Faculdade Nacional de Medicina, ele se especializou em cirurgia plástica e reconstrutiva pela Universidade de Nova York, é membro titular das Sociedades Brasileira e Americana de Cirurgia Plástica, e do Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Na década de 1960, realizou o primeiro implante de mão no Brasil. Em 1972, foi responsável pelo atendimento a dezenas de vítimas de uma explosão na Refinaria de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, e, mais uma vez, inovou, utilizando enxertos de pele humana. Marcos, o filho, conta como foi desafiador seguir os passos do pai:
“Além de ser uma estrela em sua área de atuação, sempre foi a referência familiar. Escolher a mesma especialidade de meu pai foi um desafio, teve um peso. Até hoje, eu sou o doutor Marcos, ele é o doutor Badim”, diverte-se.
Partiu de Marcos a ideia de construir um hospital com o nome da família. Agora, se emociona ao ver que o filho dará continuidade ao legado trazendo inovações. Embora tenha optado pela cirurgia, como o pai e o avô, Pedro especializou-se em ortopedia. É comum que os três operem juntos, em casos de traumas que envolvam cirurgia plástica reparadora. E como funciona a hierarquia no centro cirúrgico?
“Aquele que é o médico do paciente lidera a equipe, os outros obedecem”, explica Pedro, acrescentando: “mas sempre me beneficio com a experiência dos dois”.

 

Pergunto que conselho vem passando de geração em geração e a resposta é imediata, quase em uníssono: “em medicina, quando se lida com vidas, não se deve pensar em dinheiro. Ele vai ser uma consequência do trabalho bem-feito”.