Campinas fica em 'lista de espera' para usar mosquito modificado contra a dengue; entenda

04/04/2024

Fonte: Por Fernando Evans, g1 Campinas e Região

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Ministério da Saúde informa que locais que receberão o programa já estão definidos para 2024. Mosquitos infectados com bactéria Wolbachia têm a capacidade reduzida de transmitir os vírus para as pessoas.

O desejo de Campinas (SP) em usar mosquitos infectados com a bactéria Wolbachia como uma das estratégias de combate contra a dengue não será possível em 2024, e a cidade aguarda sua vez numa espécie de "lista de espera" do Ministério da Saúde - entenda abaixo.

Com 36,8 mil infectados e oito mortes, a metrópole já vive a terceira maior epidemia da doença na na série histórica iniciada em 1998, e formalizou ao governo federal o interesse pelo método.

Ao g1, o Ministério da Saúde confirmou o recebimento do pedido de Campinas, mas destacou que já tem definido os 6 municípios selecionados para 2024, sendo apenas um deles no estado de São Paulo. São eles:

 

  • Uberlândia (MG)
  • Londrina (PR)
  • Presidente Prudente (SP)
  • Foz do Iguaçu (PR)
  • Natal (RN)
  • Joinville (SC)

 

Diante do interesse de Campinas, no entanto, a pasta informou que se compromete a informar sobre a abertura de novas propostas para expansão do método "tão logo a capacidade de produção dos mosquitos seja aumentada e conforme análise de escores classificatórios entre municípios interessados". Não há prazo definido.

Em nota, a Secretaria de Saúde de Campinas reforçou o interesse no uso da tecnologia "tão logo ela esteja disponível."

 

O que é Wolbachia?

 

 

  • A Wolbachia é um microrganismo intracelular e não pode ser transmitida para humanos ou animais.
  • Mosquitos que carregam essa bactéria têm a capacidade reduzida de transmitir os vírus para as pessoas, diminuindo o risco de surtos de dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
  • Nem os mosquitos nem a Wolbachia sofreram qualquer modificação genética.

 

O método teve início com a World Mosquito Program (WMP), iniciativa global sem fins lucrativos, e conta com participação no Brasil da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Como funciona o método?

 

De acordo com o Ministério da Saúde, o planejamento para introdução do Método Wolbachia sugere um processo de disseminação e substituição de populações silvestres de mosquito Aedes Aegypti por populações manipuladas, em áreas prioritárias.

É o Ministério da Saúde que indica os municípios que poderão aderir ao Método Wolbachia, caso tenham interesse, e esse controle, com análise de critérios técnicos, leva em conta "a limitada capacidade de produção de mosquitos para soltura pela WMP/FIOCRUZ", destaca a pasta.

Dentro do campo de pesquisa da estratégias, alguns municípios foram escolhidos por representarem "diferentes regiões biogeográficas, climáticas e de organização dos serviços de saúde, além de apresentarem importante histórico de transmissão de arboviroses". São eles: Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Campo Grande (MS), Petrolina (PE) e Belo Horizonte (MG).

A implementação está organizada em três fases: pré-intervenção, durante intervenção e pós-liberação, e é firmado um acordo entre todos os entes participantes, nas esferas estadual, municipal e federal.

Vacina contra a dengue

 

Campinas (SP) deve receber 18,1 mil doses da vacina contra a dengue após uma redistribuição anunciada pelo Ministério da Saúde.

O número é suficiente para atender 19% do público-alvo, que é composto por crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Na metrópole, essa população é estimada em 91,2 mil pessoas.

Depois da capital paulista, a cidade é que vai receber o maior número de imunizantes no estado de São Paulo. Em toda a região, 15 municípios serão contemplados com 45 mil doses.

Estado de emergência

 

No início de março, a Prefeitura de Campinas decretou estado de emergência para dengue. A medida permite a adoção de ações necessárias à contenção do aumento de casos com maior flexibilidade, ou seja, sem necessidade de licitação.

Entre as ações, estão direcionamento de recursos financeiros e agilidade na compra de insumos, soro e materiais para nebulização, além de pagamento de horas extras e eventual contratação de efetivo para reforçar a assistência.

 

Quando procurar atendimento?

 

Em fevereiro a cidade já havia anunciado mudanças nos protocolos de atendimento. Desde então, a orientação é de que pacientes com febre busquem atendimento no centro de saúde mais próximo.

Antes, a recomendação da prefeitura era que os moradores procurassem atendimento médico quando o paciente apresentasse febre e mais dois sintomas associados, como dor de cabeça, dor no corpo, náusea, vômito, manchas no corpo, dor articular e dor atrás dos olhos.