“É o mesmo filme. Só muda a geração de jovens vulneráveis”, alerta o pneumologista.
Impactos na saúde mental
O problema não se limita aos pulmões. Pesquisas já demonstram relação direta entre o uso de vapes e ansiedade e depressão, condições que já afetam fortemente a juventude atual.
Segundo Pessôa, 70% dos tabagistas em tratamento no programa da Universidade Federal Fluminense apresentam algum transtorno psíquico associado.
“A nicotina parece calmante, mas é mais ansiogênica do que ansiolítica. O cérebro se acostuma à dopamina artificial e para de produzi-la naturalmente. Quando o jovem tenta parar, entra em abstinência e o ciclo de dependência se retroalimenta”, afirma.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/1/s/6lnubnRSAsXjfD3pCsZw/vaping-dispositivo-e-cigarro-144627-30811-1-.png)
Vape — Foto: Reprodução/Freepik
O apelo aos jovens: design, sabores e influência social
Entre os motivos da popularidade dos vapes estão:
- Design moderno – semelhante a um pendrive, discreto e associado à ideia de tecnologia.
- Sabores artificiais – tutti-frutti, maçã verde, entre outros, que mascaram o gosto amargo da nicotina.
- Influência social – muitos relatam que foram apresentados por amigos, repetindo o padrão de iniciação do cigarro tradicional.
Caminhos para parar
O pneumologista reforça que o primeiro passo é reconhecer a dependência. O tratamento envolve três frentes:
- Química – com adesivos, gomas e pastilhas de nicotina, vendidos em farmácias e disponíveis no SUS, gratuitamente.
- Comportamental – terapia cognitivo-comportamental para dissociar gatilhos (como café e álcool) do hábito de fumar e estimular atividade física como fonte de prazer.
- Psicológica – apoio para lidar com abstinência e reforço da motivação.
A porta de entrada é o posto de saúde mais próximo ou, no setor privado, um pneumologista.
Informação e prevenção
Para conter o avanço, o médico defende campanhas em massa, tanto na TV aberta quanto nas redes sociais, combinando anúncios impactantes que mostram as consequências graves do uso e conteúdos claros e educativos.
Ele também sugere engajar “influenciadores do bem” que possam repercutir a mensagem para milhões de jovens.
Uma escolha que pode mudar destinos
O recado final é direto: não existe forma segura de consumir nicotina. Quem ainda não começou deve evitar o primeiro contato. Quem já usa deve interromper o quanto antes, com apoio médico se necessário.
“Hoje sabemos que há tratamento e recursos para ajudar quem quer parar. Nunca é tarde para interromper o uso”, conclui Pessôa.