Três pais cujas filhas jovens cometeram suicídio fazem campanha de conscientização

17/07/2024

Fonte: g1 Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro

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Caminhada anual começou em 2021 e já rendeu mais de R$ 7 milhões para organização britânica que atua na área de prevenção.

"Zero Suicide" ("Suicídio Zero") é um programa para mobilizar gestores e organizações de todo o planeta para compartilhar as melhores práticas para prevenir o suicídio – um pesadelo que ceifa mais de 700 mil vidas por ano. No fim de junho, no "Zero Suicide 5th International Summit", Andy Airey, Mike Palmer e Tim Owen foram ovacionados pelo trabalho que realizam juntos desde 2021: durante cerca de um mês, fazem uma caminhada em prol da conscientização do problema. Um pesadelo os une nessa jornada anual que se chama “Three dads walking” (“Três pais caminhando”): suas filhas, Sophie, Beth e Emily, respectivamente, cometeram suicídio.

“O suicídio é a principal causa de morte de pessoas abaixo dos 35 anos no Reino Unido. Só descobrimos essa realidade terrível porque nossas filhas tiraram suas próprias vidas. Somos três homens comuns que, de repente, se encontravam num lugar de desespero onde nunca imaginamos que estaríamos. Somos também três homens que decidiram construir algo positivo dos destroços das nossas vidas. Temos a esperança de que, chamando a atenção sobre o tema, será possível evitar que outras famílias sejam devastadas”, escrevem em seu site.

Eles se conheceram através da Papyrus, organização britânica de prevenção do suicídio de jovens. A caminhada anual, de cerca de 330 milhas (482 quilômetros) – que chegou a 500 milhas entre abril e maio deste ano – já rendeu um milhão de pounds (pouco mais de R$ 7 milhões) para a entidade que, graças às doações, conseguiu estender o horário de funcionamento das linhas de ajuda e aumentar de cinco para 18 o número de escritórios. Em setembro, o trio vai lançar o livro “Three dads walking”, um diário de luto que não se resume às perdas irreparáveis, porque fala de amizade, apoio e esperança.

No Brasil, a taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% ao ano entre 2011 e 2022, de acordo com pesquisa da Fiocruz. As autolesões, cortes e outros ferimentos feitos pelo próprio jovem, aumentaram 29% ao ano na faixa etária entre 10 e 24 anos. Muitos dos sinais de alerta são também sintomas de depressão e não devem ser subestimados. Abaixo, segue uma lista deles:

 

  • Mudanças de hábitos alimentares e de sono.
  • Perda de interesse pelas atividades de que gostava.
  • Falta de concentração.
  • Queda no rendimento escolar.
  • Afastamento da família e dos amigos.
  • Uso de álcool e drogas.
  • Negligência com a aparência pessoal.
  • Comportamentos de risco.
  • Indiferença a elogios ou estímulos.
  • Queixas frequentes ligadas a um quadro de sofrimento emocional, como dores de cabeça e de estômago, além de cansaço excessivo.
  • Desfazer-se de objetos de estimação ou que tinham algum significado.
  • Obsessão por questões relacionadas à morte.
  • Comentários que remetem a planos suicidas (como “quero me matar”) ou pistas verbais do tipo: “eu não serei um problema por muito tempo”.