O que a Doença de Alzheimer e a esclerose múltipla têm em comum

08/04/2024

Fonte: Por Mariza Tavares — Rio de Janeiro

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As duas enfermidades afetam desproporcionalmente as mulheres e especialista sugere que ambas podem estar associadas a um distúrbio autoimune.

Assim como o Alzheimer, a esclerose múltipla atinge desproporcionalmente as mulheres. O interessante é que ambas têm outros pontos em comum, afirmou a neurologista Mary Rensel, da Cleveland Clinic, em entrevista ao The Women's Alzheimer Movement, entidade cujo objetivo é dar visibilidade ao fato de que as mulheres representam dois terços dos portadores da doença. De acordo com a especialista, as duas enfermidades podem estar associadas a um distúrbio autoimune. A boa notícia é que, nas últimas três décadas, foram desenvolvidas novas drogas para controlar a esclerose múltipla com potencial para beneficiar as pesquisas no campo da demência.

“Há diversas similaridades. Ambas afetam o cérebro, levando o paciente a perder sua capacidade plena, e o processo provoca um quadro de neurotoxicidade, com efeitos adversos no sistema nervoso. Embora a esclerose múltipla se manifeste na faixa etária entre os 20 e 40 anos, enquanto o Alzheimer surge depois dos 50, os cientistas investigam se as duas condições estão associadas a infecções virais, como a do vírus Epstein Barr, causador da mononucleose infecciosa, ou de herpes”, explicou.

A neurologista, especialista em esclerose múltipla, lembrou que, como outras doenças autoimunes, esta também é prevalente entre as mulheres, e seus sintomas – dormência, fraqueza, cansaço – dificultam um diagnóstico: “eu os chamo de sintomas invisíveis, porque têm um efeito às vezes devastador, comprometendo o bem-estar da paciente em todas as esferas da sua vida”. Felizmente, medicamentos de última geração mudaram esse quadro e, na sua opinião, podem trazer subsídios para as pesquisas para combater o Alzheimer:

 

“Tem sido muito animador tratar pacientes com esclerose múltipla nos últimos 30 anos, porque os medicamentos à nossa disposição garantem uma vida normal para as pessoas. A resposta imunológica dessas drogas e os avanços no estudo do cérebro têm o potencial de contribuir para as pesquisas sobre o Alzheimer”.

 

Da mesma forma que fatores de risco no estilo de vida desempenham um papel importante no surgimento do Alzheimer, Rensel diz que ensaios clínicos com crianças com esclerose múltipla vêm ajudando a responder à questão: “aprendemos que a má qualidade do ar, exposição ao cigarro, pesticidas, obesidade e o vírus Epstein Barr influenciam a idade em que a doença se manifesta”.