Estudo mostra benefícios de dieta que simula jejum durante cinco dias por mês

19/03/2024

Ensaio clínico com pacientes reduziu resistência à insulina e o envelhecimento do sistema imunológico.

Valter Longo, professor de gerontologia e ciências biológicas da University of Southern California, já havia defendido o jejum intermitente – quando há uma janela de apenas algumas horas para a alimentação – durante o “Healthy Aging 50+: the Science of Healthy Living”, seminário promovido pela Stanford University, com o propósito de divulgar os pilares de uma longevidade ativa. Hoje acaba de ser publicado o estudo sobre uma dieta de ciclos, desenvolvida por sua equipe, que emula o jejum e diminui sinais de envelhecimento do sistema imunológico; resistência à insulina; e gordura no fígado.

Intitulada “fasting-mimicking diet” (FMD), ou seja, a dieta que imita o jejum, ela consiste em cinco dias por mês de alimentação rica em gorduras insaturadas mas com uma quantidade baixa de calorias, proteínas e carboidratos. É desenhada para simular os resultados de um jejum com consumo apenas de água, mas garantindo os nutrientes necessários ao organismo e tornando a experiência da restrição calórica mais tolerável.

A pesquisa analisou os resultados em dois ensaios clínicos com homens e mulheres com idades que variavam entre 18 e 70 anos. A FMD era composta de sopas de legumes e vegetais, barras e bebidas energéticas, chips saudáveis e chás, consumidos ao longo de cinco dias e acompanhados por suplementos de vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais. Os participantes se submeteram a ciclos durante três ou quatro meses, durante os quais faziam a dieta durante cinco dias e depois eram liberados para comer normalmente nos 25 dias restantes. Os integrantes do grupo de controle eram instruídos a comer como de costume.

Os exames de sangue dos participantes indicaram que as pessoas que seguiram a dieta apresentavam menos fatores de risco para diabetes, como menor resistência à insulina e HbA1c (hemoglobina glicada) mais baixa. Imagens de ressonância magnética revelaram ainda decréscimo de gordura abdominal e no fígado. Por fim, os ciclos de FMD sinalizaram um estímulo do sistema imunológico e a redução da idade biológica dos pacientes em 2.5 anos, em média.

“Esse é o primeiro estudo a mostrar que uma intervenção que não requer restrição calórica crônica pode rejuvenescer biologicamente as pessoas”, afirmou Longo. Pesquisas anteriores realizadas em seu laboratório já sinalizavam que os ciclos de FMD estavam associados a outros resultados benéficos, como regeneração de células-tronco e diminuição dos efeitos colaterais da quimioterapia, além de reduzir os fatores de risco para câncer, diabetes, doença coronariana e enfermidades relacionadas o envelhecimento. O trabalho foi publicado na revista científica “Nature Communications”.