'Puta, vagabunda e interesseira são as palavras que mais escutei nos últimos cinco anos', diz Luísa Sonza

28/02/2022

O globo Por Gilberto Júnior

COMPARTILHE

Cantora fala sobre haters: 'Ver uma mulher crescendo, empoderando outras mulheres, e fazendo o que bem entende, incomoda e muito'

Luísa Sonza Foto: Mariana Maltoni. Styling: Maika Mano

Puta, vagabunda, interesseira... Eu fazendo meu trabalho, escutando só besteira. Sem talento, sem graça, forçada”. Foram com esses versos para lá de amargos que Luísa Sonza, de 23 anos, abriu o disco “Doce 22”, em julho de 2021. Sucesso retumbante — com mais de um bilhão de reproduções no Spotify —, o álbum é uma espécie de catarse, em que a cantora lava a alma. “Quando segurei sua mão você soltou a minha... Te dizer te amo agora é mais estranho. Estranho mesmo é te ver distante, botar o nosso amor numa estante”, disse ela em “Penhasco”, levantando a hipótese de que a música seria uma indireta para o ex-marido, o humorista Whindersson Nunes.

Não, foi a melhor coisa. O ruim é guardar esses sentimentos. Também não pensei muito ao longo do processo. Simplesmente, coloquei para fora o que eu queria entregar como artista. Foi uma verdadeira terapia. Para mim, fazer música é desabafar. Ponho no papel histórias boas e ruins.

No momento, o que tem colocado no papel?

Passo por uma fase em que estou falando muito sobre amor, e as dores que vem com ele. É verdade que é um sentimento lindo, mas sofremos bastante por causa disso. Amar é difícil.

Mas, por outro lado, você nunca desiste do amor.

Não sei se é bem assim. Às vezes, fico na dúvida se desisto ou não do amor. Estou com 23 anos e desiludida. Não sei o que me resta daqui para frente.

Como anda a vida sexual neste momento de solteirice?

Anda muito bem, sou livre, dona de mim e dos meus desejos.

“Intere$$eira” é uma das músicas mais fortes de “Doce 22”. Você transformou em força o que poderia te destruir. Como foi esse processo?

As três palavras que começo o álbum (“Puta, vagabunda, interesseira”) foram as que mais escutei nos últimos cinco anos. Era uma menina, do interior, e não entendia a razão desses ataques, não compreendia como o mundo poderia ser cruel. Para mim, esses “títulos” eram grandes monstros. Então, dominei esses monstros que só existiam na minha cabeça.

Você chegou a ter depressão. Quando percebeu que era mais do que uma tristeza?

Foi no final de 2019 que, de fato, aceitei e procurei atendimento médico. Antes, me sentia triste, mas me culpava por isso, não aceitava. É muito difícil, um momento delicado. Mas hoje vejo o quão importante foi me tratar. O que me afetou mesmo foi a vida pública. Não é fácil lidar com milhões de pessoas falando coisas ruins sobre você. A cabeça não resiste. Imagina uma menina que recebe 21 comentários numa postagem: 10 acabando com você; 10 te elogiando; e o último até tem um lado positivo, mas também tem um trecho negativo. Realmente, não é fácil.