Vida em Portugal
Atualmente, ele mora em Lisboa, Portugal. Por lá segue atuando, é casado com uma luso-brasileira, Gabriela Barros, e pai de Laura, de 1 ano. Em conversa com o gshow, Miguel Thiré contou como está a vida, além de relembrar momentos importantes de sua trajetória. A última novela que fez no Brasil foi "Em Família", em 2014, e no teatro foi "Selfie", em 2018, quando decidiu se mudar para viver uma experiência de seis meses fora do país, que já dura oito anos.
"De repente, teve uma novela que precisava de um ator com meu perfil. Era para fazer um brasileiro que tinha acabado de chegar em Portugal. Com o passar dos meses de gravação, recebia os textos e comecei a tentar conjugar os verbos e falar as palavras como português, fazer um sotaque. Até que teve um dia que estava fazendo uma cena e fiz de um jeito carioca, foi impressionante. O set todo olhou para mim e eles amaram! Nesse dia pensei: até me tornar genuinamente português, quantos anos de uma coisa meio nada serei? Se investir em ser eu mesmo, como a minha personalidade, tem uma mais-valia", detalhou o ator, que revelou só ter interpretado personagens brasileiros em Portugal:
"Só fiz personagens como brasileiro, nunca interpretei um português. Por que todo personagem brasileiro precisa ter um argumento para ser brasileiro? Aqui, em Portugal, temos muitos brasileiros que moram, é como se fosse o dia a dia."
Volta para o Brasil?
Além de atuar, Miguel tem dado aulas e tem feito trabalhos como diretor, inclusive no Brasil. Recentemente, esteve por aqui para dirigir o monólogo "O Figurante", interpretado por Mateus Solano. Se ele voltaria a morar no país, ele respondeu:
"Fica aquela mistura de sentimentos de rever tanta gente, um medo de pensar 'aqui que deveria estar', mas curioso como sinto que já pertenço a Portugal. Tem o conforto de ser a mesma língua, do português conhecer o brasileiro, me sinto muito bem recebido. É um lugar muito bom de se viver, mas difícil de fazer dinheiro para quem chega. Consegui trabalhar muito em teatro, mas normal do português desconfiar das pessoas que vêm de fora, foi uma relação construída palitinho por palitinho. Fico feliz de perceber que tenho um espaço aqui, parcerias."
Miguel fez as novelas "A impostora" e "Valor da Vida", no longa "Submissão", criou e estrelou os solos "Cidade Maravilhosa" e "Força Estranha" e trabalhou nos espetáculos "A Peça que dá para o Torto", "O crédito" e "O regresso de Ricardo III". Assinou a montagem dos sucessos teatrais "Dois+Dois" e "Trair e Coçar é só começar." E se receber uma proposta para um projeto no Brasil?
"Ia balançar muito, dependendo do trabalho ia querer muito fazer, ia ter que pensar com bastante calma. Sempre passou na nossa cabeça a ideia de passar uma jornada no Brasil, como passei um mês e meio montando um trabalho. Trabalhos imperdíveis são imperdíveis no Brasil, na Noruega, no Japão... Já teve uns três/quatro testes assim, mas ainda não aconteceu. Não penso em morar no Brasil, penso em fazer trabalhos com e para o Brasil. Não quero ficar meses e meses longe da minha filha. Teria que entender a dinâmica."
Mocinho nas histórias
O carioca tinha uma fama de galã quando morava no Brasil e interpretou muitos papéis de mocinho nas histórias. Ele relembrou:
"Nunca enxerguei essa fama, fiz papéis românticos, nunca me senti confortável nessa posição, gosto de fazer posições desafiadoras. Gostei de fazer o 'Copa Hotel', que era um cara que se envolvia com várias mulheres, era um cara que tinha muito mais camadas do que o rótulo do galã que está ali para falar: 'vamos casar e ser felizes'. Tive essa frase em novela várias e várias vezes, acho que fiz essa cena umas seis, sete vezes, comecei a ficar com uma preguiça enorme. Não que uma história de amor não seja épico e espetacular, mas chega uma hora que tem tantos outros assuntos, personagens com outras camadas me interessavam mais."
Próximos projetos
Entre os projetos que estão saindo da gaveta, está a direção de uma peça em que sua esposa, também atriz, será protagonista. Os dois estão há quatro anos juntos e nunca contracenaram.
"Estou escrevendo uma peça para minha mulher e um colega nosso. A gente vem ensaiando isso há um tempo, é uma coisa que tenho receio, porque sou tão obcecado com o trabalho que é bom ter uma pessoa em casa que entende os dramas do trabalho, então tenho medo de saber como seria nós dois no mesmo trabalho, de chegar em casa e o trabalho continuar [risos]. Temos plano de contracenar, temos o perfil parecido, de comédia, ela é especialista nisso, mas num primeiro momento serei eu dirigindo ela", revelou.