Laíze Câmara fala de cenas de nudez e de sexo com namorado na vida real em 'Guerreiros do Sol'

18/06/2025

Fonte: revistaquem.globo.com Por Carla Neves

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Atriz interpreta Francisca na novela Original Globoplay que é livremente inspirada na história de Lampião e Maria Bonita e retrata o cangaço no sertão nordestino dos anos 1920 e 1930

tem dado o que falar em Guerreiros do Sol, novela Original Globoplay em que interpreta a prostituta Francisca e protagoniza cenas tórridas com o delegado Novaes, papel vivido coincidentemente por Gustavo Machado, de 52, que é seu namorado longe da ficção. Juntos há três anos e meio, os dois têm em comum o amor pela arte.

"Um exemplo disso foi uma viagem que fiz ano passado com ele. A princípio era só uma viagem a dois, de casal, um momento de descanso, mas acabou virando 'O Filme que Fizemos Sem Saber'. Rodamos na Europa espontaneamente, como dois artistas viajando e criando juntos", conta.

Segundo Laíze, o filme retrata, de forma não linear e atemporal, um casal em processo de relação. "E essa camada europeia é só uma parte da história. Ela será complementada com outras camadas que ainda vamos gravar aqui no Brasil. Foi um hobby que virou arte e acho que isso resume bem como eu gosto de viver: com a arte pulsando até nos momentos mais despretensiosos", explica.

Entre a dureza e o afeto

 

Para encontrar o tom exato de Francisca, entre a dureza e o afeto, e a entrega e a autopreservação, Laíze enfrentou alguns desafios. "Trabalhamos com a prosódia, com nuances de regionalismo, com a escuta emocional e com o corpo, porque a Francisca me pedia tudo isso: que eu encontrasse a voz e o corpo de uma mulher que já perdeu tanto, mas que ainda se permite sonhar", descreve.

"Ela carrega muito em silêncio. E, como atriz, precisei também lidar com cenas de nudez que fazem parte dessa entrega, sempre buscando que cada exposição estivesse carregada de sentido e respeito. Francisca é o retrato de tantas mulheres reais que aprendem a suportar o insuportável em nome de alguém", afirma.

Na trama, livremente inspirada na história de Lampião e Maria Bonita e ambientada no sertão nordestino dos anos 1920 e 1930, Francisca é uma mulher intensa e resistente, marcada por escolhas difíceis em um contexto ainda mais duro.

"Ela vive em um sertão marcado por desigualdades e violência, onde a sobrevivência exige sacrifícios profundos, inclusive de si mesma. E, apesar de muitas vezes ser reduzida ao rótulo de 'mulher da vida', existe um porquê muito maior por trás do que ela faz: um amor incondicional por sua mãe doente, que ela tenta cuidar da única forma que encontrou. Uma das grandes complexidades dessa personagem é justamente essa: lidar com o limite entre a própria dignidade e o desejo de proteger quem se ama", explica.

Para refletir

 

Laíze acredita que a história de Francisca pode transmitir uma mensagem poderosa ao público da novela. "Especialmente por expor um dilema ético que atravessa muitas mulheres invisibilizadas: até que ponto estamos dispostos a ser usados, ou a nos submeter, para garantir alguma vantagem, nossa ou de quem amamos? A Francisca não está ali apenas como uma mulher que se prostitui, ela é uma filha que se sacrifica, que faz o que mandam que ela faça para manter a mãe viva. É duro, é silencioso, e é absolutamente real para muita gente", lamenta.

"O impacto social da Francisca está em escancarar as camadas de opressão que uma mulher pode viver em contextos de miséria, abandono e dominação. Ela obriga o espectador a sair do julgamento raso, a enxergar o humano por trás da condição. Sua história questiona o senso comum e denuncia um sistema em que o corpo feminino segue sendo moeda, obediência, ausência de escolha. E, ao mesmo tempo, ela carrega uma dignidade que resiste, mesmo em ruínas", completa.

Outros projetos

 

Além da novela, Laíze está na reta final da direção de um documentário sobre os 30 anos da Palavra Cantada. "É um filme que celebra a música brasileira e, ao mesmo tempo, mergulha nos bastidores da criação, da infância e da sensibilidade artística. Além de dirigir, também assino o roteiro e a montagem do projeto, que será negociado com plataformas de streaming nos próximos meses", conta.

Logo em seguida, ela mergulha em outro projeto muito especial: um documentário sobre Patativa do Assaré. "Tenho vínculos pessoais e familiares com essa história: Mário Alencar, bisneto de Patativa, é casado com minha prima de primeiro grau, Luana Santos, que assina a direção de fotografia do filme. Estamos reunindo mundos e afetos, unindo o sertão e o cinema, para construir um legado audiovisual à altura da poesia e da resistência de Patativa", elogia.

Sem equilíbrio

 

Apaixonadíssima pelo ofício de atriz, Laíze reconhece que ainda não encontrou um equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal. "A verdade é que a minha carreira artística tem sido, há muito tempo, a própria vida pessoal. Eu vivo o trabalho, e a forma de manter por perto os afetos -- familiares, amores, amizades -- tem sido 'puxá-los' para dentro do meu mundo, para dentro dos meus projetos", justifica.

"Ainda estou em busca desse equilíbrio ideal, mas o que me sustenta hoje é poder me realizar criativamente e conquistar uma estabilidade financeira que me permita, aí sim, oferecer uma vida mais tranquila também no pessoal", torce.

Para isso, a atriz se envolve com diversas frentes no audiovisual. "Presto serviços como editora de vídeo para a TV Cultura, dirijo documentários, criei uma produtora independente, a O Bem Ecoa, e atuo sempre que posso, porque a minha paixão primeira é a atuação. Mas a gente sabe o quanto essa carreira é marcada por altos e baixos no Brasil, então fui me cercando de outras áreas que também me encantam para manter viva a chama da atriz", explica.

Segundo Laíze, sua prioridade hoje é preservar sua saúde mental e emocional. "É me manter saudável para continuar sonhando e realizando. Quando não recebo propostas de atuação, eu mesma crio minhas oportunidades. Estou sempre criando, montando filmes, participando de editais, construindo caminhos. É intenso, mas é o que me mantém viva", garante.