Jade Picon: ‘Não tenho medo nem vergonha de errar’

10/12/2025

Fonte: revistaquem.globo.com Por Mateus Phyno

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Atriz é capa de dezembro da Quem e fala sobre estreia em novela vertical, saúde mental, percalços da fama e ainda sobre a disciplina com a qual lida com a vida pessoal e profissional

Jade Picon tem 24 anos, sendo 13 de vida pública, do Instagram ao Big Brother Brasil e às novelas da TV Globo. É cria da internet e é lá que mantém a maior presença e os maiores números -- só nas redes da Meta são 21 milhões de seguidores, além de 10 milhões no TikTok, onde tem ainda a loja de beleza nº 1 da plataforma.

Também com números superlativos, acaba de estrear na primeira novela vertical da TV Globo, Tudo Por Uma Segunda Chance, onde interpreta a vilã Soraia. Esse é o primeiro trabalho dela como atriz desde Travessia (2023), quando estreou já como protagonista na pele de Chiara. No meio tempo, gravou o filme Cinco Júlias, ainda sem data de lançamento.

Seguindo a cartilha das redes sociais, as empreitadas da paulistana, no audiovisual ou nos negócios, vêm acompanhadas de muito barulho de fãs e críticos, o que até já a abalou, mas não mais. “Não tenho medo de errar e, mais do que isso, não tenho vergonha. Posso aprender algo e errar, nem que seja na frente de muitas pessoas. Sempre existe a chance de recomeçar”, diz.

Apesar da exposição desde muito nova, dá para dizer que Jade é uma pessoa notadamente discreta e reservada quanto à vida pessoal. Desde o fim do namoro com João Guilherme, em 2021, nunca mais falou publicamente sobre relacionamentos amorosos. Diz que prefere comentar outros assuntos, já que não consegue controlar outras situações, como os frequentes flagras de paparazzi que geram rumores e expõem os romances.

“Tenho muito carinho, cuidado e zelo por tudo que já construí até agora e sei que, quando estou fazendo ou respondendo algo, não estou respondendo só por mim. Existe um outro peso, não posso fazer certas coisas pelas consequências que isso poderia me trazer. Sinto que, quando se trata de mim, as coisas ganham uma grande proporção e atenção, não posso ser uma pessoa inconsequente. Mas é a vida que escolhi”, reflete.

Conversamos por chamada de vídeo, dias depois da sessão de fotos que ilustra essa capa. Jade vinha de uma diária de gravações para um novo projeto de wellness, uma plataforma para espalhar, segundo ela mesma, “a rotina Jade Picon”. Ao longo de toda a conversa, diversas vezes a atriz refere-se a si mesma na terceira pessoa, ciente da expectativa alheia e da potência comercial que o próprio nome carrega.

A tal rotina é um misto de muita disciplina com bem-estar, incluindo alta dedicação à vida fitness, dieta regrada, meditações e o famigerado futevôlei -- quem é cronicamente online com certeza já viu fotos dela praticando o esporte nas areias do Rio de Janeiro, onde mora atualmente. Muito além do abdômen invejável, essa é para ela uma forma de se manter centrada: “Gosto de ser essa pessoa segura, cuido do meu corpo, da minha mente e da minha alma. Tento administrar da melhor maneira possível todos os pilares da minha vida e isso me traz presença, esse olhar de ‘Jade Picon’”.

Como está sendo fazer parte de algo tão novo, que é a novela vertical?
Estou muito feliz. O mais legal de todo esse projeto é que ele era novo para todo mundo que estava fazendo, tanto atores, quanto direção, equipe, todo mundo. Eu estava muito animada para a estreia e agora para a estreia semanal de 10 capítulos -- será assim até dia 23 de dezembro. Ainda tem muita coisa para rolar, mas já estou muito feliz com a repercussão que teve. A novela vertical é realmente um novo formato da Globo, para ver como seria a percepção do público e até mesmo como seria para a casa produzir. Esse projeto, para mim, é muito maior do que a Soraia. Claro que a personagem significa muita coisa para mim, mas há também o marco de estar na primeira novela vertical feita exclusivamente para as redes da TV Globo. Tenho certeza que daqui a alguns anos eu vou olhar com orgulho para esse projeto e por ter feito parte dele. É uma honra. As pessoas entenderam que realmente é um novo jeito, um conteúdo mais rápido, como se fosse entretenimento express. É curioso.

A rotina e o ritmo de gravações foi muito diferente de uma novela comum?
Foi bem intenso. Quando o primeiro capítulo foi ao ar, a gente tinha gravado a cena oito dias antes. Foi um projeto realmente bem rápido em todos os sentidos: são três minutos de duração e a gente gravou 50 capítulos em praticamente duas semanas. Foi muito importante a equipe estar muito alinhada e em uma sintonia muito grande. Eu e todo o elenco, a Débora [Ozório], o Daniel [Rangel], a gente realmente deu as mãos e foi com tudo.

Como foi a preparação para viver sua primeira vilã?
Vim estudando bastante nesses últimos anos, mas, do tempo que a gente recebeu o roteiro até começar a gravar, foi muito rápido, mesmo. Fiz aulas individuais lendo o texto, coach para que eu conseguisse entender mais a história da personagem e tive reunião com o diretor, o Adriano Melo, que é um querido, me ajudou e não soltou minha mão em nenhum momento desse projeto inteiro. Mas, de fato, não tivemos um tempo grande de preparação, pelo prazo para entregar. Mergulhei de cabeça e foi mágico, porque fui descobrindo mais sobre essa personagem conforme fui fazendo. Acredito que foi interessante, foi uma experiência. Soraia é superdeterminada a conseguir o que quer, independentemente do que tenha que fazer para chegar nisso. Ela tem um quê de maldade mesmo, gosta de ver, por exemplo, a Paula sofrendo -- e faz de tudo para isso. Ela é muito estrategista, pensa a cada passo antes de fazer alguma coisa. Não querendo defendê-la, porque não dá, ela já começa a história cometendo crimes… (risos). Mas, é muito interessante como, por mais que seja uma obra super rápida, mostra uns flashbacks da infância dela. Existe um passado dessa vilã que motiva os atos dela -- não justifica, mas existe algo por trás. Foi um prazer interpretar a Soraia.

 

Qual foi o maior desafio nesse processo?
A Soraia tem um final bem impactante, antes mesmo de gravar a cena do último capítulo, eu já estava abalada. Acordei meio apreensiva. Foi um dia que acordei inquieta, pensando em como seria a cena -- que foi diferente para mim em todos os sentidos, desafiadora inclusive fisicamente. Lembro que nesse dia acordei, sentei do lado de fora da minha casa, fiquei pensando… Aí a Gleice, que trabalha aqui em casa desde que eu me mudei pro Rio, falou para mim: "Você não está com o olhar de Jade Picon hoje, você está para baixo"; respondi: "Eu sei, Gleicinha, mas vai ficar tudo bem". Eu estava preocupada com a cena, mas sabia que as coisas dariam certo no final.

O que é "olhar de Jade Picon"?
Eu não sei, também! (risos) Mas a Gleice vê esse olhar todos os dias. Acho que é um olhar certeiro, confiante, para cima. Gosto de ter essa energia, é o que eu sou. Gosto de ser essa pessoa segura, cuido do meu corpo, da minha mente e da minha alma, tento administrar da melhor maneira possível todos os pilares da minha vida e isso me traz presença e talvez esse olhar ‘Jade Picon’.

"Não me cobro perfeição, porque descobri que isso é impossível"

 

Esse é seu segundo trabalho como atriz desde Travessia, mas o primeiro que vai ao ar. Como sua atuação mudou de lá para cá?
O mais mágico dessa profissão, e que venho aprendendo muito, é que ela está sempre se renovando. É como se fosse um lugar de infinitas possibilidades, é inesgotável o que se pode fazer como ator. Sempre posso aprender e praticar algo novo e venho buscando realmente evoluir. Acredito que estarei sempre nessa constante. Chiara foi meu primeiro contato com a atuação. Fiz também a Júlia, que em breve estará nos cinemas, agora a Soraia e sinto que ainda tenho uma grande trajetória pela frente, de personagens e de aprendizado.

Que balanço faz dessa carreira?
Tenho uma coisa: não tenho medo de errar e, mais do que isso, não tenho vergonha. Posso aprender algo e errar, nem que seja na frente de muitas pessoas. Sempre existe a chance de recomeçar. Pior é ter medo de errar ou nem sequer tentar, porque aí não vou nem tirar um aprendizado disso. Não me cobro perfeição, porque descobri que isso é impossível e, por mais que muitas vezes me sinta cobrada nesse lugar, não faço isso comigo. Estou sempre muito aberta a viver, a me jogar e a topar desafios. Acho que esse projeto [Tudo Por Uma Segunda Chance] é mais uma prova disso. Realmente, quando sinto uma conexão com alguma coisa, não tenho receio de me jogar porque sei que, independentemente do que acontecer, vou tirar algum aprendizado. Busco levar os desafios com essa leveza, para que eu nunca deixe o medo dos julgamentos me paralisar em nenhuma área da minha vida.

Já se cobrou perfeição ou paralisou com as críticas?
Não que eu consiga lembrar agora. Com certeza já deixei, mas teve uma frase que a Lina [Linn da Quebrada] me falou e que me marcou muito; eu tinha falado para ela que estava com medo de alguma coisa e ela falou: "Está com medo? Vai com medo mesmo". Levo isso como uma grande lição.

Você é muito nova e está na mídia desde mais nova ainda. Consegue ter uma vida de jovem comum fora das câmeras? Sei lá, tomar um porre, fazer uma besteira…?
Jamais. Sei que a Jade Picon depende da Jade, então jamais faria algo que colocasse ela em risco. Tenho muito carinho, cuidado e zelo por tudo que já construí até agora e sei que, quando estou fazendo algo, não estou respondendo só por mim, respondo por todas as pessoas que me olham com admiração e que se inspiram de alguma forma em mim, pelos meus fãs, pelas minhas marcas, pelas empresas que sou embaixadora. Quando penso em fazer algo, existe um outro peso, não posso fazer certas coisas pelas consequências que isso poderia me trazer. Sinto que quando se trata de mim, as coisas ganham uma grande proporção e atenção, que realmente tenho que pensar em tudo isso, não posso ser uma pessoa inconsequente. Mas é a vida que eu escolhi.

 

"Jade Picon depende da Jade, então jamais faria algo que colocasse ela em risco"

 

Você fala bastante da Jade e da Jade Picon. Quando teve esse entendimento de que existia uma "Jade Picon" e como lida com essas duas coisas, essas duas faces da mesma pessoa?
É muito doido, porque ao mesmo tempo que, para mim, é a mesma coisa, também não é. A “Jade Picon” nasceu da Jade e a Jade é a “Jade Picon”. Não são coisas separadas para mim, mas a imagem que as pessoas têm de mim, pode ser. Acho engraçado quando falam "Ah, você é a Jade Picon", porque é o que elas projetam em mim e tento me blindar disso, do que as pessoas imaginam. A Jade Picon é muita coisa para muita gente, mas a Jade é a minha essência. Para os meus amigos, eu sou apenas Jade. Eu sei quem sou e existem horas em que preciso realmente baixar minha guarda, ter momentos de reflexão e de autoentendimento. Às vezes, eu mesma me refiro a mim como “a Jade Picon”. (risos)

 

Quem é a Jade que seus amigos conhecem?
Nesse meu último aniversário, perguntaram: “o que você quer fazer?”; não quis fazer nada. Parece que meu aniversário é todos os dias, porque faço o que eu amo, posso escolher com quem quero estar, fazendo o que quero fazer, meus sonhos eu consigo tirar do papel…. Então, fui na cachoeira, entrei no mar, agradeci e eu fiz o que eu faço todo dia: joguei futevôlei, trabalhei, comi pipoca assistindo TV com o meu irmão e com minha amiga. Essa é a Jade.

Tem alguma coisa da Jade que você queria que todo mundo soubesse, assim como sabem da Jade Picon?
Que tenho minhas fraquezas, também. Não vou abrir o celular e começar a desabafar, mas entendi que os momentos de maior vulnerabilidade e fragilidade são uma mola que me levam para frente. Hoje, em toda situação que passo e que eu considero difícil, tento achar onde é que está esse exato ponto onde minha fragilidade e minha vulnerabilidade querem me mostrar algo.

Apesar de ser uma personalidade da mídia, você também é notadamente discreta, não é de falar intimidades, nem da sua vida mais pessoal. Por quê? Como mede o que vai expor ou não?
Tenho esse termômetro muito claro na minha cabeça. Passo por algumas coisas que falo: "Não, isso é meu, não precisa ser compartilhado”. Vou vivendo e sentindo. Vai muito do meu propósito de inspirar as pessoas a, assim como eu, buscar as suas melhores versões. Quando sinto que algo não vai ser agregador na vida de quem está assistindo, prefiro não compartilhar.

 

"Os momentos de maior vulnerabilidade e fragilidade são uma mola que me levam para frente"

 

Esse mesmo pensamento de ‘isso é meu, isso é privado’, vale para os seus relacionamentos? Você não fala deles publicamente.
Eu acho que tenho tanta coisa mais interessante para falar do que sobre a minha vida amorosa… Busco focar nos meus projetos, no que estou fazendo, em como penso. Isso [relacionamentos] está num lugar diferente do que quero trazer para as pessoas, do que quero que pensem quando estão vendo algo sobre mim. Lógico, tem coisas que fogem do meu controle, porque é a vida que levo, mas, quando cabe a mim falar sobre algo, mostrar algo, busco focar em outras coisas.

Numa das raras vezes que você falou sobre sua intimidade, disse que não sabia se queria casar ou ter filhos. Como pensa nesses temas hoje?
Realmente não penso sobre isso. Nada me impede de casar e ter filhos, mas também não é algo que eu sonho e planejo, por exemplo. Tanto na minha vida profissional, quanto na pessoal, gosto de viver a vida e lidar com as coisas conforme elas vão me aparecendo. Não gosto de traçar uma meta muito grande para o meu futuro, porque sinto que isso limita o meu presente. A vida vai me levar para onde eu tiver que estar, com quem eu tiver que estar. E estou sempre muito atenta, não é como se eu deixasse, literalmente, a vida me levar, faço por onde. Não vou falar que com tantos anos quero estar casada e ter filhos, porque às vezes eu vou me condicionar uma coisa que não era para acontecer naquele determinado momento. Um dia de cada vez, porque de tijolinho em tijolinho a gente vai construindo muita coisa. Foco no que está me fazendo feliz hoje e onde quero estar amanhã, nunca onde quero estar daqui a 10 anos.

"Não gosto de traçar uma meta muito grande para o meu futuro, porque sinto que isso limita o meu presente"

 

Onde você quer estar amanhã?
Aqui em casa, seguindo a minha rotina, fazendo os meus trabalhos. Amanhã já vão ter sido lançados mais 10 capítulos da novelinha... Acho que é isso.

Você já falou em outra entrevista que Chiara te mostrou que a atuação era algo em que você realmente queria se dedicar e investir. Que estalo foi esse?
Existem algumas cenas em que você está tão entregue e concentrado, que é como se desse um apagão no mundo e você só enxergasse o que está falando, fazendo e sentindo. Eu tive muitos desses momentos com a Chiara. Foram esses momentos de intensidade que achei o máximo; mais do que isso, achei mágico, único. Sou uma pessoa super-racional. Quando acontece algum problema na minha vida, sou prática, penso muito no que posso fazer e vou logo na solução -- e se não tem solução, simplesmente aceito o que não está sob meu controle. Com a personagem, achei uns lugares onde eu poderia simplesmente me entregar, sofrer mesmo, sentir o drama de “meu Deus, o que eu faço agora? Minha vida vai acabar!”.

E a Júlia, do Cinco Júlias? O lançamento foi adiado mais de uma vez, em que pé está o filme?
Não tenho tantas informações, porque eu não estou nessa parte. O que eu sei é que o filme está na pós-produção ainda e estou muito ansiosa para que saia. Fiquei muito feliz com essa personagem. Fiz o teste, conheci o [escritor] Matheus Souza, que eu já admirava, e o mais bacana dessa história é que mostra a força da união e da amizade -- algo que valorizo muito. As pessoas que estão na minha vida me trazem leveza, segurança, novas experiências… E o filme é sobre isso. Pensa: a gente gravou muitos dias em Foz do Iguaçu, que eu nunca tinha ido. Conheci as Cataratas! Foi muito especial e interessante ter essa experiência de cinema, que é outro tipo de audiovisual. Me agregou muito. Estou muito ansiosa para lançar e para as pessoas conhecerem a Júlia.

Quando chega em casa, o que faz para despressurizar e sair desse lugar mental de cenas tão intensas?
Gosto de fazer coisas que eu sei que me trarão conforto. Tomo banho, gosto de fazer uma pipoca, deitar na cama, assistir alguma coisa… Tem dias que marco terapia pós-cena. Às vezes, só preciso mesmo ficar em silêncio. Sempre que me sinto de algum jeito, se estou preocupada, ou se me sinto sob pressão, gosto de reconhecer que isso está acontecendo para que, a partir daí, eu possa fazer alguma coisa a respeito -- e às vezes o que eu posso fazer é nada. Preciso conviver com o que está se passando e, de jeito nenhum, fingir que nada está acontecendo, porque ‘vai que passe’. Não vai passar e vou ficar mais angustiada ainda.

Você realmente parece uma pessoa segura e mentalmente organizada, compartimentada na cabeça. Sempre foi assim?
Olha, é uma grande jornada até aqui, viu? Minha confiança e minha segurança, com certeza construí tijolinho por tijolinho. Foram alguns anos nisso e sinto que estou em constante evolução, sempre buscando. Venho desde muito nova na internet, então a vida me cobrou um amadurecimento precoce. Não estava preparada para ler certas coisas, para passar por certas coisas. Me sinto hoje a minha própria fortaleza. É um conjunto de fatores, mas para me sentir bem não posso depender de fatores externos. Trabalho isso em tudo que faço, nos meus treinos, na minha meditação, nas minhas leituras, na minha terapia -- e sei que é um grande privilégio poder contar com um profissional que me acompanha há anos… O que eu mais tiro disso tudo é o meu propósito. Tive a grande sorte de descobrir o meu propósito muito cedo, que é não só buscar sempre ser a minha melhor versão, mas incentivar, inspirar as pessoas a buscarem ser as suas próprias melhores versões. Isso faz com que eu sinta um motivo maior para tudo.

"Venho desde muito nova na internet, então a vida me cobrou um amadurecimento precoce. Me sinto hoje a minha própria fortaleza"

 

Inspirar pessoas é uma responsabilidade e tanto.
Sim. É uma responsabilidade muito grande ter milhões de pessoas me acompanhando por tantos anos, mas na verdade é uma bênção, porque posso compartilhar com milhões de pessoas coisas que me fizeram bem.

Você começou sua carreira muito nova e, também muito nova, teve uma grande virada, que foi o BBB 22. Como avalia sua participação no reality, três anos depois?
Tenho um carinho enorme por todas as versões de Jade da minha vida, desde pequenininha até hoje em dia. Quando olho para essa em específico, tenho muito orgulho dela, também. Tenho muito carinho por toda essa experiência que tive, me fez crescer, não só na minha carreira, mas como pessoa. Foi uma experiência única que olho com muito carinho.

A versão de Jade que esteve na casa, evidentemente, não existe mais porque amadureceu e, quando se está num reality show, você acerta e erra diante das câmeras -- intenso até mesmo para quem cresceu na internet. Como olha para essa exposição, dessa perspectiva?
Sigo muito a minha intuição. Sempre faço o que acho que é certo de acordo com a minha essência e, caso eu olhe para trás, sempre vou saber que fiz o que estava ao meu alcance. Nunca me coloco nesse lugar de estar no futuro querendo cobrar algo do passado, isso é injusto. Sei coisas que meu eu do passado não saberia. Aprendi que não posso me cobrar coisas que não sabia antes. Às vezes, as coisas parecem óbvias, mas quando ditas e aprendidas, mudam nossa vida. Um último grande aprendizado que tive foi que muitas vezes a gente quer se colocar no centro das coisas… Ai, fulano fez isso comigo, por que isso aconteceu? Às vezes, as coisas não são sobre você. Às vezes, alguém comete um erro comigo e o problema nem sou eu, é a pessoa, ela precisava fazer isso. Não é sobre mim. Isso tirou um peso das minhas costas. Quando consigo olhar uma situação e vejo com outro olhar, falo: "Caraca, agora eu entendo diferente, né?”.

E qual é a parte boa e a ruim de estar amadurecendo diante de um público de milhões?
Se for colocar na balança, a parte boa é tão mais boa que a ruim fica insignificante. Claro, crescer diante de milhões tem seus momentos não tão agradáveis, como a exposição e a falta de privacidade, mas com certeza é a vida que escolhi, porque em troca disso eu pude ter meus fãs -- que é a troca mais genuína que tenho de acolhimento e de incentivo --, pude abrir negócios com as minhas paixões, pude viajar o mundo através do meu trabalho. Sou muito grata pela vida que levo, pelas oportunidades que tenho. Foco no positivo e vejo muito o lado menos agradável como uma condição de ter todas essas outras coisas. Para mim, está tudo certo.

Me fala das suas marcas e do seu lado empresária? Aura Beauty, sua marca de beleza, parece ser um hit, mas a JadeJade está meio offline nesse momento. Quais seus planos enquanto empreendedora?A Aura Beauty é um grande sucesso e é uma grande paixão e realização, porque minha cabeça, meu corpo, meu coração estão dentro dessa empresa e eu estou dentro de quase todo o processo, incluindo o fechamento de todo mês, reunião de resultados e tudo mais. Somos a marca número um de beleza do TikTok Shop, recorde de venda -- já vendemos mais de um milhão de produtos por lá. Mudei o modelo de negócio da JadeJade para que eu conseguisse seguir estudando como atriz, com a Aura Beauty e com meus contratos de influenciadora. Outro grande aprendizado que eu tive é que não dá para fazer tudo ao mesmo tempo e, às vezes, preciso abdicar certas coisas para conseguir prestar mais atenção em outras. Realmente, a JadeJade agora é uma marca onde quero fazer poucos drops por ano, focados em coisas que uso muito -- como biquínis, que é nosso próximo lançamento, ainda esse mês.

O que mais está planejando entre seus negócios?
Vou te contar com exclusividade: gravei hoje um novo projeto meu, que é o Movimento Solar. Será uma nova plataforma de wellness onde eu possa conectar as pessoas e trazer experiências de bem-estar, exercícios físicos, meditações… É como se eu pudesse colocar em um lugar a “rotina da Jade Picon”, o meu estilo de vida, e criar um ponto de encontro para que isso possa alcançar outras pessoas. Estou numa fase bem embrionária, mas faremos um primeiro evento disso com apoio das minhas marcas e também de outras marcas que me patrocinam.

O seu estilo de vida, bastante disciplinado, é admirável. Como é um dia normal na sua vida? Como é essa “rotina Jade Picon”?
Bom, eu acordo 6h da manhã todos os dias, escovo meus dentes, coloco uma roupa e faço meus alongamentos, medito, gosto de acender minha vela, acender um incenso, escrevo, agradeço… Gosto de acordar bem cedo justamente para conseguir fazer tudo com calma e ter esse momento de conexão comigo mesma. Faço meu café e vou treinar, às 7h -- geralmente é treino funcional, usando o peso do corpo, que gosto muito; 8h vou para a praia, jogo o meu famoso futevôlei, que é um esporte que eu me apaixonei. Volto para casa, faço sauna, banheira de gelo, tomo banho e aí começo a trabalhar, por volta das 10h. Gosto de fazer meu almoço e, quando estou no Rio de Janeiro, cozinho absolutamente tudo que como. Trabalho até às 20h, 21h, que é a hora que faço boxe, e depois assisto alguma coisa na TV e vou dormir.

O que gosta de cozinhar?
Minha salada e meu peixe. É um momento gostoso, consigo focar na cozinha e na comida, tenho muito prazer. Faz parte das horas da manhã que deixo para cuidar do corpo e da mente. Mas minha rotina muda muito, às vezes eu estou viajando, às vezes estou em São Paulo…

 

Como consegue manter a rotina fitness e a dieta tendo um dia a dia que varia muito e com muitas viagens nesse meio?
Hoje tenho muito mais facilidade, porque não é mais um grande esforço, é meu estilo de vida. Assim como acordo e escovo os dentes, sei que quero treinar, que quero cuidar da minha alimentação. Se vou sair, gosto de levar comidinhas saudáveis comigo; tento montar também alguma rotina de exercícios fora -- sempre que vou viajar, já vejo se no hotel tem academia, se não tiver, levo um tapetinho aqui de casa. Vou me adaptando, mas não chega a ser um lugar de cobrança extrema, não. Tem vezes que estou numa viagem a trabalho e está muito puxado, então não vou treinar se não me sentir disposta. Não me cobro neste lugar, se deixei de fazer algo, sei que sempre posso voltar a fazer aquilo. Senão vira uma obrigação e tudo que é obrigação fica chato e pesado.

Lembro que você me disse em outro momento que praticamente não come açúcar. Por que?
Eu não cortei 100%, mas realmente dou preferência a alimentos que sejam naturalmente adoçados e saudáveis. Gosto muito de comer fruta, tomar bebidas adoçadas com maçã… Açúcar não é uma coisa que ‘de jeito nenhum eu vou comer’, mas busco sempre alternativas.

Uma coisa que me impressionou muito no dia dessas fotos é a sua determinação em fazer a coisa render. Pausou? Faz backstage, faz TikTok, manda ligar para não sei onde, resolver não sei o que… Sempre foi assim?
É muito doido porque todo mundo que trabalha comigo fala exatamente isso. Só que eu não trabalho com outras pessoas para ter um parâmetro, né? (risos) Levo isso como um grande elogio. Me aprimorei muito nisso de ser ágil, saber o que eu quero e executar. Acho que sempre tive esse drive mental, desde pequena. Eu era uma criança que gostava de estudar, de fazer exercícios, de aprender. Sempre me interessei muito em acompanhar meu pai no trabalho -- ele mudou a nossa vida com o trabalho, então eu gostava de ir na empresa dele e observar como ele fazia as coisas; ele era muito organizado. Tenho na minha cabeça o que precisa ser feito, o que pode ser aproveitado e o tempo que tenho. Gosto de sempre otimizar tudo, então, acabou isso, vamos fazer aquilo. Gosto de sentir que estou entregando o que sei que eu posso entregar. Faz sentido para mim.

 

Créditos:

 


Direção de conteúdo: Camila Borowsky (@camila_borowsky)
Texto e produção executiva: Mateus Phyno (@phynocomph_)
Direção criativa: Amauri Neto (@amaurineto_)
Fotos: Fred Othero (@fredothero)
Styling: André Philipe (@andre3philipe)
Beleza: Arthur Lordelo (@arthur.lordelo)
Vídeo: Eduardo Garcia (@eduardogarda)
Assistência de foto: Calebe Fernandes (@calebe.fernandes)
Assistência de styling: Jess Torres (@_torresjess) e Luan Leno (@luanleno)
Assistência de beleza: Victor Lopez (@victorloopez)
Retoque: Bruna Splitter (@brusplitter)
Edição: Ana Carolina Moura (@anacmoura)
Design de capa: Manuela Pellegrini (@manupellegrini__)
Assessoria de imprensa: Melina Tavares Comunicação (@melinatavarescomunicacao)
Agradecimentos: Infini Bar (@infini.bar)