Como Marcos Mion atingiu o seu ápice físico na meia-idade

26/03/2024

Fonte: gq.globo.com Por Fernando Beagá

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Músculos esculpidos pelo apresentador, que vai interpretar um lutador de MMA no cinema, comprovam a possibilidade de bons resultados físicos durante a maturidade a partir de exercícios, dieta, disciplina e, se indicados, suplementos

Para dar vida ao lutador Max Machadada, protagonista do filme MMA — Meu Melhor Amigo, com estreia prevista para o início de 2025, Marcos Mion intensificou sua rotina no fisiculturismo, que pratica há uma década. “Estou com o melhor shape da minha vida”, celebra o apresentador, após mais de 100 dias de dedicação espartana, de até quatro treinos diários, e de uma dieta restrita.

“Sem errar um grama! Foi uma decisão consciente de ir ao extremo. Queria comer um cheeseburger, por exemplo, o que não me prejudicaria em nada, mas sou obstinado. Desistir não pode virar hábito”, diz à GQ Brasil.

Ele, que não aconselha o período de exceção sem acompanhamento profissional, se beneficiou dos hábitos que cultivou. “Vivo em dieta, mas você precisa amar o processo. Se entrar só pelo resultado, não aguenta. Regularidade e consistência são fundamentais para esculpir o corpo. Trata-se de um processo longo e solitário, uma mudança de vida.”

O bodybuilder Eduardo Corrêa, expoente do fisiculturismo brasileiro, foi seu mentor no processo que resultou na queima de 10 quilos de gordura. “Essa incrível transformação é resultado do que ele faz repetidamente por muitos anos. Seguir um plano de treino e dieta vai muito além da questão física, é um jogo mental. Qualquer um pode estar apto a ser a melhor versão de si mesmo”, destaca Correa.

Aos 44 anos, com 1,83 metro de altura e cerca de 81 quilos, o global reconhece os obstáculos impostos pela idade, mas também a tem como aliada. “Pelo metabolismo mais lento e pela incidência maior de lesões e dores, eu tinha dúvidas se conseguiria; é muito mais difícil secar gordura aos 44 do que aos 34. Mas a maturidade mental fez uma enorme diferença. Cultivo um entendimento menos imediatista da vida.”

O corpo sarado do quarentão Mion contrasta com seu cabelo e barba grisalhos. “Envelheço com muito orgulho. Não vou tingir nunca. Definir estereótipos não é saudável.”

De fato, o corpo tende a uma curva descendente de desempenho nessa faixa etária. “A partir dos 35, começa uma perda gradual da testosterona, responsável por manter a massa muscular”, explica o nutrólogo Wantuilde Trindade, de Campinas, que indica como solução uma alimentação rica em proteína (com peixes, carnes, leite, ovos...) e, se houver indicação especializada, suplementação.

“O whey protein possui alto teor de leucina, que favorece o ganho de massa muscular, especialmente para pessoas da terceira idade; a creatina melhora os resultados dos exercícios de alta intensidade; e o ômega 3 tem função anti-inflamatória e reduz dores articulares”, descreve Trindade. Em paralelo, o profissional aconselha evitar ou minimizar alimentos inflamatórios, como refrigerantes, frituras, embutidos e processados. O açúcar refinado, acredita o expert, é descartável.

Outra forma de se manter saudável é praticar exercícios de alta intensidade e curta duração, segundo o ortopedista Renan Bosio, especialista em medicina do esporte, destacando que estudos científicos têm também constatado o papel crucial da musculação na maturidade. “O ganho de massa magra funciona como uma poupança vital para melhorar a consciência corporal, o equilíbrio e a resistência, evitando fraturas, quedas e outros distúrbios que minam a longevidade.”

Na questão estética, secar a barriga constitui o grande desafio depois dos 40, e não há outra alternativa a não ser a disciplina. “Ganhar músculos é a melhor estratégia, mas a resposta metabólica só pode ser otimizada aliando exercícios a uma dieta ajustada”, enfatiza Corrêa.

Quanto antes se sair do sedentarismo, melhor. “Os benefícios não são anulados para quem inicia as atividades com 40, 50, 60 ou mais. Pesquisas indicam que indivíduos acima dos 60 podem desenvolver musculatura tão forte e volumosa quanto os que têm metade da idade, a partir de treinos de hipertrofia”, observa Bosio.

Outra vertente da musculação, o treinamento de resistência (menos carga, mais repetições) pode aumentar a força, melhorar as articulações, equilibrar taxas de metabolismo e densidade óssea, reduzir fatores de risco cardíaco e promover bem-estar, de acordo com estudo de pesquisadores ligados à Universidade Cornell, de Nova York. As atividades aeróbicas fecham o pacote, pela importância no condicionamento físico e na saúde cardiovascular.